"No meio do caminho tinha uma pedra". O poema, de Carlos Drummond de Andrade, parece mostrar que algo interfere na trajetória do eu lírico. Posicionando a obra na atual conjuntura brasileira, pode-se afirmar que a persistência dos maus-tratos aos animais, poderia muito bem ser interpretada como um obstáculo que impede a caminhada do país. Dessarte, implica aludir tal fato como sendo oriundo de todo um processo histórico e da carência de um planejamento educacional de conscientização. Em primeira análise, cabe salientar, que a negligência com esses seres não é algo hodierno, mas que, infelizmente, perdura por séculos. Nesse sentido, compete ainda, relembrar as situações abjetas que leões eram colocados, no coliseu da Roma antiga, sendo diminuídos ao ponto de bestas selvagens ou até mesmo como objetos de comédia e sátira. Apesar disso ter ocorrido há anos, lastimavelmente, práticas parecidas ainda são vigentes, pois de acordo com o Estadão, a polícia civil registrou cerca de 7.665 denúncias de abusos contra os animais somente no estado de São Paulo, um dado alarmante, que demonstra que se deve olhar para o passado para não cometer os mesmos erros no presente e no futuro, dado ainda que para Jean-Paul Sartre: "A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota". Outrossim, é axiomático atentar-se a educação como sendo mister no combate desta problemática. De acordo com o filósofo Immanuel Kant: "O ser humano é aquilo que a educação faz dele". Nessa lógica, a inclusão do tema no ensinamento básico pedagógico atingiria um papel importante, visto que com o esclarecimento, felizmente, pode-se mudar todo um pensamento histórico já enraizado, não é um processo rápido mas lento e gradual, com o tempo se tem resultados, assim como dito pelo astronauta norte-americano Neil Armstrong, esse seria: "Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para humanidade". Infere-se, portanto, que os impasses supracitados urgem ser elucidados. Consoante ao sociólogo Karl Marx: "Um problema só surge quando reunidas condições para solucioná-lo". Para isso, o MEC aliado a ONG's de proteção animal e IBAMA, devem promover aos alunos, familiares e a comunidade, atividades de visitas aos zoológicos, com algumas oficinas e aulas explicando todo contexto de luta pelos direitos desses seres e a importância da manutenção da vida, e por fim com momentos de aproximação, com o fito de que, assim, não só as gerações futuras, mas também a momentânea, possam evoluir. Somente dessa forma, retirando as "pedras" do caminho, que o Brasil será um país com mais alteridade.