O famoso desenho "Pica-pau" a décadas garante o entretenimento de crianças e adultos. Sabe-se que, com sua risada bem característica o personagem revela-se desafiador a quem ousa degradar seu habitat e insanamente relutante para aqueles que tentam aprisioná-lo. Infelizmente, a ficção distancia-se assombrosamente da realidade das espécimes no Brasil. Afinal, despidos de voz são maltratados e abandonados. É indispensável, portanto, ao Estado propiciar veículos eficientes de denúncia e fortalecer na sociedade a prática da adoção. Sob essa óptica, é válido pontuar sobre a existência de uma cultura de aprisionamento. A saber, um jovem foi autuado em março de 2016 pela Polícia Civil do Distrito Federal por divulgar na internet uma cobra alimentando-se de um gato. Por certo, o registro beira ao sadismo e é tipificado como tráfico de animal, pois o réptil em pauta não era natural do país. É inegável que o comércio ilegal, seja em ambientes terrestres ou aquáticos, é uma prática de significativos prejuízos aos ecossistemas. Destarte, essa ilegalidade não é a única assertiva à respeito da problemática. Outrossim, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram milhões de animais em situação de abandono nos municípios brasileiros. Isto é, a ausência de políticas que garantem um lar, principalmente para cães e gatos, gera uma questão de saúde pública - a reprodução descontrolada e a proliferação de doenças contagiosas como a leishmaniose e a raiva. À luz dessas considerações, urge as Organizações Governamentais criar junto da mídia campanhas educativas sobre as patologias existentes, a fim de fomentar desde cedo a valorização dos animais, o combate aos maus tratos e a denúncia aos Centros de Zoonoses para o controle de tais problemas. Ademais, cabe a sociedade trabalhar com ONGs engajadas em um registro de adoção, objetivando amenizar o desamparo e garantir aos "bichinhos" cuidados como consulta veterinária e carteira de vacinação. Logo, dando-lhes voz, esses hábitos execráveis serão atenuados.