Enviada em: 28/05/2017

Desde o Iluminismo, já sabemos - ou deveríamos saber - que uma sociedade só progride quando um se mobiliza para sanar o problema do outro. No entanto, quando se observa a questão da inclusão social das pessoas com necessidades especiais no Brasil, em pleno século XXI, percebe-se que esse ideal iluminista é verificado na teoria, mas não a extrapola para se efetivar como uma prática. Alguns passos importantes já foram dados na tentativa de reverter esse quadro. Entretanto, para que seja conquistada uma convivência realmente democrática, são necessárias profundas mudanças, principalmente, no setor de transporte e na educação brasileira.       Ser portador de necessidades especiais é enfrentar diversas limitações no exercício do direito de ir e vir. Cadeirantes que vivem em grandes cidades e necessitam do transporte público coletivo enfrentam diariamente o descaso das empresas de ônibus com esse grupo. Terminou em 2014 o prazo de dez anos dado pelo governo para essas empresas se adequarem às exigências das leis de acessibilidade. Porém, mesmo após o prazo estipulado, é comum ver na TV reportagens sobre o drama de cadeirantes que esperam horas por um ônibus "acessível".       Somado a isso, o descaso com a educação inclusiva é outro fator limitante para esse grupo. A falta de uma infraestrutura escolar adequada faz com que, muitas vezes, haja uma segregação desse segmento populacional, o que dificulta o melhor desempenho escolar e contribui com a exclusão social e o preconceito. Outrossim, é válido salientar a ausência de projetos que capacitem os professores para lidar com as necessidades desses alunos, fazendo com que o acesso à educação seja um grande problema.      Fica evidente, portanto, que há entraves que exigem soluções imediatas e não apenas um belo discurso. Desse modo, cabe ao Poder Judiciário fazer valer as leis já existentes, oriundas de inúmeros discursos democráticos. Também, o Governo, em parceria com o Segundo Setor, deve criar e executar projetos de mobilidade urbana inclusiva, melhorando o transporte e a pavimentação, a fim de garantir o direito de ir e vir a todos. Conjuntamente, o MEC deve investir mais verbas públicas na infraestrutura de educação inclusiva, construindo escolas preparadas e com profissionais capacitados para lecionar aulas acessíveis às mais diversas formas de deficiências. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente e que transforme os ideais iluministas em prática, e não apenas teoria.