Enviada em: 23/06/2017

Historicamente ignoradas pelo Estado, na condução de suas políticas sociais, as pessoas com necessidades especiais constituem-se numa realidade que deve ser enfrentada. Neste contexto, milhares de pessoas, com capacidade de se desenvolver e ter uma vida autônoma e feliz, são, em função de alguma necessidade ou deficiência, colocadas à margem, esquecidas. Neste contexto, há dois fatores que não podem ser negligenciados: por um lado, faltam estruturas mínimas para o acesso em escolas e universidades. Por outro, verifica-se que estas pessoas, sem qualificação, acabam por tornar-se reféns de programas de assistência social, já bastante sobrecarregados em um país com os graves problemas sociais como o Brasil.         Em primeira análise, cabe pontuar que, muitas vezes, as mudanças necessárias são estruturais; coisas simples como rampas de acesso em estabelecimentos de ensino, ou ainda, material didático adequado a pessoas com deficiência visual, ou treinamento de professores, apenas como exemplos. Detalhes pequenos, que não podem ser pensados como artigos de luxo ou supérfluos pela administração pública, pois que, se negligenciados, podem fazer a diferença para uma vida produtiva.. Paulo Freire mencionava que se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Desta feita, é nas escolas que a mudança deve iniciar.         Ademais, convém frisar que, seja pelo medo ou, de forma mais específica, pelo preconceito de empresários de contratar estes trabalhadores, em muitas ocasiões estes jovens acabam por ficar fora do mercado de trabalho. Diante disso, percebe-se que o Poder Público pode intervir neste processo, procurando incentivar sua inclusão a um emprego, a uma forma de mostrar seu real valor. Realizar cursos profissionalizantes, programas de treinamento e estágios junto a empresas, podem dar autonomia e liberdade a milhares de famílias.         Portanto, medidas são necessárias para enfrentar o problema. É, então, imprescindível que as Secretarias de Educação direcionem verbas para adaptação de suas escolas, bem como na capacitação de professores. Além disso, é essencial que o Ministério do Trabalho busque, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, desenvolver estratégias para qualificar os trabalhadores com necessidades especiais, buscando sua inserção na vida laboral. O mesmo ministério pode, através de incentivos, ampliar parcerias com a iniciativa privada visando a colocação destas pessoas no mercado de trabalho através de programas específicos de estágios. Desta feita, desmistifica-se a falta de competência destas pessoas de realizar autonomamente seu projeto de vida, capaz de uma vida digna e cidadã.