Enviada em: 25/07/2017

O impedimento dos impedidos        A obra cinematográfica francesa "Intocáveis", lançada em 2011, foi uma das mais aclamadas pelo público naquele ano. Nela conhecemos a história do aristocrata Philippe, que luta para adaptar-se à recente situação de paraplegia. Entre seus conflitos internos e externos, o filme - baseado em fatos reais - demonstra a dificuldade enfrentada por pessoas com necessidades especiais, que, mesmo abastadas economicamente, não encontram ao seu redor uma sociedade preparada, ou caminhos que os quais levem-os a uma plena amparação.     É necessário, primeiro, analisar que diferentemente das ocorrências homofóbicas e racistas, a intolerância contra a pessoa com deficiência manifesta-se veladamente. De acordo com o censo do IBGE de 2010, menos de 5% das áreas residenciais brasileiras possuem rampas. Além disso, o desrespeito a vagas de estacionamento, a negação de matrícula em escolas e até a anulação da existência ou a falta de paciência, são exemplos de situações enfrentadas por esses indivíduos. Desse modo, apesar de assistidos por leis, essa classe não vê de forma prática suas aplicações.      Ainda neste contexto, recentemente, medidas surgiram a fim de trazer de forma concreta a inclusão de caráter social aos mais de 45 milhões de deficientes no Brasil. A atual Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, aparece destinada a assegurar e promover efetivamente os direitos, oportunidades e a acessibilidade. Nela, além de reunir todos os direitos existentes, traz diversas ações afirmativas as quais visam levar a essas pessoas autonomia e independência. No entanto, salvo esse avanço político, o seu real reflexo empírico continuará sendo um dilema.      Fica evidente, portanto, que não só há necessidade de buscar benefícios, como também é preciso garantir os já existentes. Para isso, o Estado deve manter comunicação direta, através de ONG's ou ouvidorias, com o deficiente a fim de conhecer regiões necessitárias de algum tipo de transformação, denúncias de descumprimento de direitos e o "feedback" de ações já concluídas. Ademais, as instituições educacionais, através de seu papel socializador, devem levar a crianças, jovens e adultos a conscientização, por meio de aulas temáticas ou palestras, garantindo para pessoas com deficiência a equidade social. Dessa forma, será possível moldar uma sociedade de fato desimpedida.