Enviada em: 12/09/2017

É necessário pontuar, de início, que a condição de portador de necessidades especiais não deve ser encarada como uma limitação. No contexto atual, percebe-se que a questão da inclusão social tem avançado, no entanto, é evidente que obstáculos ainda precisam ser superados, em especial na negligência do governo em não levar as leis para a prática. Dessa forma, é inegável a necessidade de alternativas que promovam a adaptação da sociedade para incluir socialmente esses indivíduos.       Ao ser sancionada, em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, o país avançou rumo à equidade, entretanto, a legislação isolada não é capaz de garantir a inclusão. Apesar da aprovação de cotas em empregos, infelizmente, não há candidatos suficientes para preencher as vagas destinadas aos deficientes, visto que, com a dificuldade de acesso às escolas e faculdades a qualificação profissional é prejudicada, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE somente 7% dos portadores de necessidades especiais possuem ensino superior completo. Ademais, sair de casa costuma ser um desafio diário para eles, as dificuldades de mobilidade aliadas à precariedade da infraestrutura das escolas potencializam a evasão escolar e profissional de tais cidadãos.       O esporte desempenha uma função social importante para o projeto de inclusão, o acesso a ele contribui não só para incluir portadores de necessidades especiais, mas também para o seu desenvolvimento pessoal, cognitivo e físico. Os Jogos Paralímpicos de 2016 foram destaque no Brasil e no mundo, uma vez que os atletas ratificaram, no evento, que ser deficiente físico não é uma limitação, principalmente se houver força de vontade e oportunidades. Outrossim, desmistificaram muitos preconceitos e olhares de pena que costumam receber; provaram, afinal, que não há mais espaço para a indiferença enraizada no mito do "homem cordial" de Sérgio Buarque de Holanda, que tantas vezes se manifesta em formas de discriminação, preconceito e exclusão social.       Em suma, como alternativa, a verba dada pelo Governo ao Ministério da Educação necessita de reajuste, pois assim o Órgão poderá capacitar mais professores, investir na infraestrutura de rampas, piso tátil para deficientes visuais e na contratação de mais profissionais especializados, com o intuito de solucionar a problemática da evasão escolar. O governo deve ainda investir na fiscalização da Lei de Inclusão e na construção de centros esportivos gratuitos para pessoas com necessidades especiais. A mídia, por sua vez, deve desmistificar a deficiência física ou mental por meio de ficções engajadas, como a produção francesa "Intocáveis" - na qual o protagonista tetraplégico estabelece laços de amizade com seu enfermeiro justamente por ele não tratá-lo como um coitado - além de campanhas informativas com a finalidade de erradicar o preconceito e promover a consciência de inclusão social.