Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", o defunto-autor de Machado de Assis diz que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Decerto, em 2018, ele concluísse estar certo, pois o analfabetismo ainda é um grande descaso real no Brasil. Com isso, surge a questão da alfabetização insuficiente que persiste no país, seja pelo não cumprimento das cláusulas pétreas, seja pela lenta mudança da realidade nacional, e corrobora o personagem machadiano. De início, é incontestável que a falha na aplicação da Constituição estejam entre as causas do problema. De acordo com o Artigo 3 constitucional, o brasileiro tem o direito de ter uma sociedade livre, justa e solidária. No entanto, é possível perceber que, no Brasil, o analfabetismo impede esse direito de ser desfrutado; haja vista que muitos que sofrem desse problema acabam em não usufruir oportunidades, como bons empregos, por exemplo. Essa realidade não condiz com a Magna Carta e ratifica Brás Cubas. Outrossim, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep, apenas 3,9% dos alunos que fizeram o Enem 2017 obtiveram nota acima de 801 na redação. Ademais, o pedagogo Paulo Freire diz, ainda, que a educação muda as pessoas e essas mudam o mundo. Assim sendo, observa-se que o analfabetismo é uma realidade nacional e, por se tratar de educação, configura-se como um problema sério para o Brasil. Assim, a mudança da realidade do país demora a acontecer e legitima o defunto-autor. Destarte, infere-se que o analfabetismo funcional é um mal para a sociedade brasileira. Portanto, cabe ao Governo Federal orientar, capacitar e bonificar os professores e educadores para identificarem alunos com dificuldade no aprendizado e, por meio de uma atenção especial a esses, ampliarem o número de alfabetizados funcionais e mudarem a realidade nacional. Ainda, cabe à família, com ajuda de ONGs, exigir dos órgãos públicos os direitos previstos nas cláusulas pétreas com o fito de usufruírem uma educação mais qualificada. Deste modo, com essas propostas postas em prática, constrói-se, então, uma sociedade diferente, mais justa e fiel aos princípios da Constituição, e cria-se um país de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.