Enviada em: 02/09/2018

Variáveis diversas configuram o analfabetismo funcional no Brasil como um problema de primeira grandeza. Refletir sobre esse tema é reconhecê-lo como fenômeno comprometedor da qualidade do capital humano e, portanto, merecedor de ações de combate. Nesse sentido, torna-se passível de discussão, hoje, os impasses educacionais, bem como o deficitário hábito de leitura dos brasileiros enquanto fatores agravantes desse quadro.       Em primeira instância, é incontrovertível que essa mazela é reflexo da miséria nacional. Isso poque, a aquisição da proficiência na língua portuguesa é privilégio dos cidadãos que gozaram das condições socioeconômicas necessárias para sua formação acadêmica. Diante disso, é razoável argumentar que a fatia populacional menos abastada não partilha plenamente de tal benefício, haja vista que, não raro, é levada a ingressar no mercado informal de trabalho desde muito cedo para garantir a sua subsistência, o que acarreta, muitas vezes, a evasão escolar. Dentro desse contexto, já denunciava o grande Oswald de Andrade em sua poesia "Vício na Fala": "Para telhado, dizem 'teiado'/ e vão fazendo telhados"       Igualmente, destaca-se a falta de incentivo à leitura como propulsora da problemática. De acordo com pesquisas do Instituto Pró-Livro realizadas em 2016, ler não é habitual há cerca de 45% dos brasileiros. Esse dado alarmante revela que grande parte da nação verde-amarela parece não preocupar-se com a interpretação crítica de textos e a obtenção de vocabulário, fatores esses indispensáveis para a alfabetização efetiva. Logo, fica evidente que, para a resolução da problemática, o costume da leitura é algo que carece de estímulo.       Em virtude do supracitado, faz-se imprescindível a adoção de alternativas para reduzir as lacunas na formação escolar, tal qual a carência de leitura dos tupiniquins. Por conseguinte, cabe ao Ministério da Educação (MEC) auxiliar na formação à nível médio de quem não teve condições para tal, por meio de um maior fomento à participação de programas como é o caso da Educação para Jovens e Adultos, para que, assim, o acesso a educação seja democratizado. Ademais, o MEC deve, ainda, propiciar o hábito de leitura aos discentes, mediante a disponibilização de livros gratuitos em bibliotecas ao alcance dos alunos, com o fito de motivá-los a ler melhor. Destarte, o analfabetismo funcional será mitigado na pátria.