Enviada em: 31/10/2018

Sob a perspectiva de Immanuel Kant, a díade leitura-conhecimento possui papel crucial na formação ética e moral do indivíduo. Decodificar um texto, no entanto, não significa necessariamente conhecê-lo e interpretá-lo e, desse modo, surge um novo desafio para o Brasil: formação de leitores proficientes. Nesse contexto, percebe-se que a educação padrão e pouco inclusiva são entraves para evetivar a funcionalidade descrita por Kant.       Deve-se pontuar, de início, que a prática de ensino baseada em métodos mecânicos e academicistas dificulta o aprendizado no que concerne à leitura e à interpretação. Isso porque boa parte das escolas aderem à uma grade curricular pouco funcional, isto é, prioriza transmitir conteúdos e pouco prepara seus alunos para a vida em sociedade. Ademais, a falta de professores especializados que fujam desse "roteiro acadêmico" impede a consolidação de um espaço educacional engajado e motivador. Dessa forma, a função social da leitura na promoção de cidadania e na formação de leitores hábeis, encontra, nesse quésito, um obstáculo a ser superado.      Outrossim, ainda vê-se a precariedade da educação pública em permitir às populações menos favorecidas o acesso ao conhecimento, mesmo diante de uma era comunicacional e informativa. Tal fato se reflete nas necessidades de muitos indivíduos de garantirem as suas subsistências por meio do trabalho e, assim, são segregados, seja pela falta de tempo para frequentar uma escola ou, ainda, por não contemplatem a inclusão digital. Essa conjuntura, consoante as ideias do contratualista John Locke, configura-se uma violação ao "contrato social", já que o Estado não cumpre a sua função de garantir o acesso à educação, o que dificulta a formação de leitores proficientes e participantes da vida democrática.       Nesse sentido, convém ao Ministério da Educação e às escolas promover uma alteração da grade curricular, no intuito de incluir programas educacionais que contemplem um ensino dinâmico e supervalorizador da leitura, bem como que permitam conhecer e interpretar a realidade com o auxílio das Artes, do Teatro e da Música, de modo a transformar a escola em um ambiente engajado e interessante. É imprescindível, também, que o Poder Público, com maiores investimentos da Receita Federal, fortaleça programas como o EJA(Educação de Jovens e Adultos), que possibilitem um tempo flexível de ensino e disponibilizem bolsas auxílio, afim de conciliar trabalho-escola e promover educação inclusiva e eficiente na formação de leitores. Destartes, será possível fazer jus à máxima kantiana.