Enviada em: 07/03/2019

Na mitologia grega, Ícaro fora um prisioneiro que criara, com sua persistência, asas de cera para fugir. Porém, ao escapar da prisão, voou muito perto do sol e o calor derreteu sua criação, fazendo-o cair e morrer afogado no mar de Creta. Hodiernamente, tal mito semelha-se com a dificuldade dos jovens das classes mais baixas a ingressarem no Ensino Superior público, pois, no passo que persistem contra a precariedade de seu ensino básico estatal, questões financeiras e de base despenam os seus frutos de um futuro melhor, fazendo-os se afogarem no status quo.      A educação superior é para uma elite intelectual. Foi a frase dita pelo atual Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, revelando o que já é notório no senso comum: Nem todos tem as mesmas oportunidades acadêmicas. O que significa que poucos, a tal elite intelectual e oriunda de escolas preparatórias caras, possuem uma formação de base que ajudará a chegar e permanecer-se nas faculdades mais concorridas. O contrário de estudantes mais economicamente vulneráveis, oriundos do sistema de ensino público, que não tem acesso a tal cursos preparatórios, criando um desamparo intelectual evidente até na diferença das notas de corte entre cotistas econômicos e ampla concorrência no SISU.       Apesar desta dificuldade, com o advento das cotas, tem-se dito um crescente número de matrículas das classes mais vulneráveis. Porém, esse número é seguido por um alto de desistência -de acordo com o site Carta Capital, em 2009 foram 16 milhões de vagas ociosas- o que pode ser explicado, entre outros fatores, pelo pouco assistencialismo das universidades. Por exemplo, na UFRJ, considerada a melhor faculdade federal do Rio de Janeiro, alunos de baixa renda só tem direito a bolsa auxílio socioeconômico durante o primeiro ano, que é minimamente um quarto do período de qualquer curso.  Além disso, há pouco amparo -nenhum praticamente, para as muitas universidades que não oferecem aulas de monitoria para algumas matérias específicas- academico para aqueles com ensino precário, que por exemplo, não foram ensinados a aplicar lógica mais aprofundada e sim, a decorar.       Com esses fatores, é evidente o porquê a classe mais pobre desiste do ensino superior e o porquê o Estado deve mudar essa situação. Sendo assim, é necessário que o Ministério da Educação implante mais bolsas de auxílio a permanência nas faculdades públicas e reforce o ensino público basal, afim de diminuir o número de desistências e preparar melhor o raciocínio dos estudantes para o ensino superior, permitindo assim que esses alunos voem longe, e não serem despenados por essas dificuldades.