Enviada em: 20/06/2018

A distribuição geográfica do ser humano, bem como os movimentos que o mesmo realiza, são pautas de discussão há muito tempo, afinal, o nomadismo e a busca por novos territórios possuem registros desde o período neolítico. Entretanto, os movimentos migratórios ocorrem por diferentes fatores, sejam eles: a busca por condições dignas de existência, fuga da violência ou crises, entre outros. Sendo assim, quando um migrante sai de seu país de origem por medo de perseguição e violência, esse passará a ser reconhecido como refugiado.  O termo em questão foi definido em 1951 pela Organização das Nações Unidas (ONU), ademais, estabeleceu que o refugiado possui a liberdade de solicitar asilo ao país anfitrião, e o próprio deve analisar o pedido, receber o indivíduo e fornecer condições adequadas. Contudo, as intempéries são grandes quando o país anfitrião não possui políticas claras de assistência humanitária.   Esse cenário complexo está sendo vivenciado atualmente em solo brasileiro, o estado de Roraima está recebendo um grande fluxo de refugiados venezuelanos. A cidade de Boa Vista, onde em um ano a concentração de venezuelanos proporcionou o crescimento em 10% da população, está sofrendo com hospitais lotados, ruas ocupadas  e uma minoria dos mesmos têm cometido crimes.   Diante dos fatos supracitados, nossos vizinhos exilados estão sofrendo xenofobia e são acusados pelo aumento da criminalidade na cidade. Entretanto, João Carlos Jarochinski, professor da Universidade Federal de Roraima, ressalta a falta de dados que comprovem tal argumento. A crise de refugiados, em geral, apenas expõe a ineficiência do sistema público do país anfitrião quando o mesmo está despreparado. Além disso, tratar tal crise humanitária como um problema de segurança pública pode fomentar o medo dos cidadãos, bem como, os casos de xenofobia.   Afinal, seria interessante uma rede de assistência entre vários estados. É necessário que refugiados sejam amparados, mas que as grandes concentrações, que lotam hospitais e ocupam ruas e praças, sejam distribuídos para diferentes regiões, diminuindo aglomerações e otimizando serviços públicos. Além disso, países parceiros poderiam fornecer auxílio monetário ou hospedar parte dos refugiados, uma proposta semelhante foi estudada e desenvolvida pela União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).   Convém ressaltar, que os casos de xenofobia são problemáticas enfrentadas pelo Ministério de Justiça. Promover palestras com a embaixada do país de origem dos refugiados, bem como, campanhas expondo o cotidiano desses grupos, são ações que poderiam diminuir, por meio da empatia, tais atitudes preconceituosas.