Enviada em: 23/07/2018

Na mitologia grega, Minotauro foi aprisionado em um labirinto na ilha de Creta e todos os anos lhe eram enviados 14 jovens para que sua fome fosse saciada. Cansado da carnificina, Teseu se oferece para ir em um dos anos e com grande esforço matou a criatura. Análogo à realidade, os refugiados que se encontram no Brasil, assim como Teseu, enfrentam diariamente enormes obstáculos que permeiam a dignidade de sua estadia no país. Logo, as dificuldades do acolhimento de refugiados não trata-se de um assunto apenas de negligência governamental, mas também da ignorância de parte da população brasileira.    Nesse contexto, é elementar que se leve em consideração que, de acordo com o pensamento filosófico de São Tomás de Aquino, em uma sociedade democrática todos os indivíduos possuem a mesma importância e direitos. No entanto, o Estado diverge de tal ideal a partir do momento em que não garante os direitos de moradia aos refugiados que se estabelecem no país, mesmo que esses, amparados por lei, possuam as mesmas garantias de indivíduos de origem brasileira. Dessa forma, não é de espantar-se que tal atitude desencadeie em um processo anti-urbano extremamente marcado pela negação da presença dessas pessoas, tornando ainda mais doloroso o processo de reestruturação.   Soma-se a isso também que, na visão sociológica de Levinás, a falta de empatia por esses indivíduos - que somente buscam a garantia de sua dignidade humana - é um dos fatores que tornam o mundo ainda mais cruel. Posto isso, tristemente não é raro a visão de ataques xenofóbico e preconceituosos direcionados contra os refugiados. Dessa maneira, agressões verbais e físicas como a ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2017, contra um vendedor ambulante sírio, apenas confirmam a proposição sociológica e a ignorância de sujeitos que se utilizam de tais atos irracionais.    Diante de tal problemática, cabe a três agente a solução efetiva: O Estado, O Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) e  o Ministério da Educação (MEC). Ao primeiro agente, em parceria com o MDS, importa a realização do remanejamento do Produto Interno Bruto nacional para a construção de mais conjuntos habitacionais ligados ao projeto "Minha Casa, minha vida". Assim, ficando responsável pelo cadastro e distribuição das habitações o MDS, dessa maneira integrando os asilados corretamente à sociedade. Além disso, cabe ao MEC a elaboração de projetos direcionados a rede escolar, tanto pública como privada, que ofereçam palestras, oficinas, atividades lúdicas e ações culturais - de modo que essas possuem amplo poder transformador - baseados nas diretrizes dos Direitos Humanos e na Convenção Internacional de 1951. Para que assim, os Teseus refugiados possam por fim derrotar as barreiras que os impedem de ser acolhidos em terras brasileiras.