Enviada em: 29/09/2018

A xenofobia remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área social estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência afeta, inclusive, a população brasileira. É nesse viés que a problemática da falta de acolhimento de refugiados aponta os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.      Em primeira análise, as causas da falta de acolhimento de refugiados podem ser analisadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. O preconceito contra estrangeiros está cada vez mais presente no âmbito mundial. Somado a isso, o sentimento de superioridade faz com que a população rejeite os refugiados, por medo de concorrência por uma vaga de emprego ou por um leito de hospital. Essa realidade merece considerações importantes, assim como a necessidade de alimento e de moradia para o refugiado. Dessa forma, percebe-se, na área social, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard. Não estaria, então, a falta de consciência coletiva contrapondo a vida social ao observar as dificuldades para acolhimento de refugiados?    Incontestavelmente, o preconceito destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. É notório que o acolhimento de refugiados pode resultar em riscos à saúde dos brasileiros ao trazer doenças que já foram erradicadas. Esse fator é evidenciado pelos surtos de sarampo e de poliomielite, trazido por venezuelanos, que assolaram a região Norte do país. Entretanto, essas doenças podem ser evitadas com vacinas. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores. Dessa maneira, ao analisar as dificuldades de acolhimento de refugiados, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.       Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca do respeito para com o semelhante. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Educação promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre o acolhimento de refugiados, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Como dizia Skinner, autor norte-americano, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.