Com o decorrer do tempo aumentou-se o número de formandos em direito. Logicamente aumentou-se também o número de advogados no Brasil. Mas nem esse aumento foi suficiente para suprir a demanda dos processos em tramitação. De acordo com a ministra Carmen Lúcia, são 80 milhões de processos para aproximadamente 16 mil juízes. Dessa forma, é praticamente impossível não ocorrer o acúmulo de processos. Um fator importante a ser analisado é o ditado popular "A justiça é cega". Não é de se surpreender que essa seja uma das maiores fábulas contadas à todos que possuem processos em tramitação. A mídia mostra a pequena parcela rica da sociedade com seus processos em dia, enquanto à maior parte da população, pertencentes a classe C e D, possuem processos atrasados. A justiça pode até ser cega, mas seu faro para sentir o cheiro do dinheiro está funcionando perfeitamente. Apesar do grande número de advogados formados, poucos são os que querem seguir adiante até se tornarem juízes. O primeiro fator é a dificuldade. Claro, o governo visa apenas os melhores, porém a prova possui um nível de dificuldade bastante elevado. Devido a isso, quem não possui um nível de dedicação aos estudos considerável não será aprovado no concurso. Na realidade brasileira só consegue estudar mais de 3 horas por dia, quem nasceu em família rica. O segundo fator é que com o acesso às universidades facilitado, nem todos estão preparados para serem juízes, uma vez que a bagagem teórica para acompanhar as aulas se torna insuficiente. Como número de procesos em tramitação cresce em progressão geométrica e o número de juízes para julgá-los cresce em progressão aritmética, soluções que fogem ao tribunal devem ser adotadas. Uma ótima opção seria um "Conciliador móvel", onde a presença de um juiz seria dispensável e que reuniria os processos de menor importância que podem ser resolvidos rapidamente e com acordo judicial firmado, tais como, processo à operadora de telefone por débito indevido, casos de pensão alimentícia que não envolvam à guarda legal do menor, e até mesmo pequenos conflitos entre pessoas. Para tal, seriam necessários defensores públicos para firmar o acordo judicial entre as partes, dispensando assim a presença de um juiz. O poder judiário possui um grande déficit para atender a crescente demanda de processos no Brasil. Realizar concursos mais frequentemente para juízes também é uma opção a se considerar, visto que 16 mil juízes não conseguem julgar 80 milhões de casos de forma rápida e eficiente. O Brasil Precisa de mudanças imediatas, para que a justiça volte a ser considera não somente cega, como também sem olfato.