Enviada em: 08/07/2018

A efemeridade e a fuga na sociedade da obsolescência programada       A globalização, consolidada no século XXI, advinda da difusão de tecnologias dedicadas a comunicação e aos meios de produção, tem seus reflexos em diversas áreas, não se restringindo à economia e ao trabalho.       Em meio a uma produção acelerada tanto quanto o consumo, a obsolescência como lei do mercado é constatada como estratégia que provou sua eficiência. Resulta até mesmo na obsolescência psicológica, quando o consumidor, mesmo tendo um produto em bom estado de conservação, resolve comprar um novo e descartar o antigo, porque enjoou. Porque a mentalidade do descarte programado já faz parte da mentalidade consumista que vem sendo incorporada pelos indivíduos há anos.        Como reflexo dessa ideologia do desapego, as relações pessoais foram afetadas, o ser humano está treinado para o descarte, para buscar comodidades. Resolver problemas, consertar um erro é algo que requer tempo e disposição, assim, a opção pela troca é a mais atraente, pois  parece demandar menos esforços das pessoas. Num processo quase automático, troca-se o velho pelo novo, desfaz-se a amizade e encontra-se uma nova, um casamento e casa-se outra vez.              Outro fator que contribui com esse contexto do descarte é o descredito generalizado em relação às instituições, ao governo e a nossa sociedade como um todo. Com uma acentuada desigualdade e um panorama de injustiças sociais, o resultado é o medo e o escapismo. O filósofo e linguista Noam Chomsky afirma que o homem deixou de acreditar nos próprios fatos devido a sua perda de poder e representatividade.        Dessa forma, por um condicionamento mercadológico refletido ou por escapismo, as relações pessoais vêm se tornando efêmeras. A tomada de consciência desse processo é fundamental para reverter comportamentos que não beneficiam o crescimento pessoal, tampouco a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.