Enviada em: 18/08/2017

Parafraseando o filósofo Zygmunt Bauman: a sociedade vive tempos líquidos, nada dura por muito tempo, afinal, com a chegada da era conectada as relações se tornaram fluídas e individualistas em detrimento dos valores pioneiros, como a coletividade e a intimidade. Dessa forma, aspectos fazem-se relevantes de serem discutidos: o imediatismo, o isolamento social, a sociedade de massa e a perda de privacidade. Aspectos que podem causar graves consequências para as gerações futuras e atuais.               Em primeiro lugar, é válido destacar o novo conceito de distância existente na sociedade massificada contemporânea. A era da conexão globalizada, segundo o educador e filósofo Herbert Marshall, gerou a formação de aldeias globais com barreiras eletrônicas, que superam as distâncias tradicionais e aproximam os indivíduos no mundo artificial, porém, resulta na alienação a respeito do mundo real. O culto ao padrão e ao modismo, é intensificado através dessa super conexão, ao gerar nos participantes de tais aldeias, a ideia de que determinada coisa é certa e deve ser seguida e que tudo o que for diferente, deve ser ignorado. Esse pensamento, marginaliza e isola o indivíduo que não consegue se enquadrar nos padrões determinados.          Em segundo lugar, é importante ratificar o excesso de liberdade de expressão em detrimento da privacidade. Para Bauman, ''na era da informação, a invisibilidade é equivalente a morte’’. O excesso de liberdade de expressão, associado a uma geração em que o ego é alimentado pelo delírio opinativo e pela opção de ocultar a sua identidade, gera graves consequências, como o preconceito desenfreado e a normatização da invasão à privacidade, além de contribuir com a formação de uma geração apática, cética e alienada. Segundo a ONU, atualmente, existem 3,2 bilhões de pessoas com acesso à internet, é notável uma discrepância excessiva ao se comparar o dado atual com o de 15 anos atrás, em que 400 milhões utilizavam.         Portanto, fica claro que as relações sólidas e estáveis foram substituídas por relações fluídas e instáveis, intensificadas com a massificação e o ciclo do consumo. Para resolver a problemática é necessário que o Estado atue através da construção de lugares que valorizem a vida no mundo não artificial, como zoológicos regulamentados sem prejuízo ao animal e feiras culturais ao ar livre, todos adaptados para o acesso do deficiente . A escola, através de debates e projetos socioculturais, deve incentivar os alunos a manterem um controle a respeito do tempo dedicado à internet e sobre os riscos que ela pode gerar quando mal utilizada. Tais medidas devem ser tomadas, a fim de estimular o apego ao mundo não artificial e garantir que as relações futuras vivam tempos sólidos.