Enviada em: 18/09/2017

Relacionamento Líquido       De acordo com Aristóteles, a virtude é uma mediação entre dois vícios: um por excesso, outro por escassez. Na hodiernidade, é excessivo o número de relacionamentos frágeis e superficiais, enquanto que relações mais sólidas encontram-se escassas devido as transformações causadas pela modernidade agregadas às demandas da globalização. Nesse contexto, a virtude do equilíbrio deve ser estabelecida entre a relação pautada no compromisso em detrimento do dinamismo imediato da informação das relações sociais firmadas nas plataformas online.       Há 50 anos o namoro tinha como objetivo o casamento e a formação da família. Havia uma ordem muito clara de que todos deveriam se casar e quem não o fizesse era muito mal visto. A ideia do amor era mais romântica, expressa nas músicas, nos roteiros dos filmes ou das novelas. O namoro de hoje nem sempre desemboca no casamento, é muito mais focado no prazer que no dever. Não se pode comparar o namoro de hoje e o de ontem em termos de compromisso. As relações, que se tornaram mais líquidas, passaram a serem expostas para os outros nas redes sociais. Tudo vira notícia. E a notícia passa a ser mais importante que a própria relação.       A análise do sociólogo polonês Bauman, modernidade líquida, mostra esse olhar, retificando a fluidez das ações e incerteza, além da falta de consistência nas interações presentes no cotidiano. Dessa forma, introduzindo essa realidade ao contexto das relações interpessoais, é possível observar lacunas entre os entes envolvidos devido à preocupação individual com sua própria reputação social. Conectados a universos distintos, distanciam-se uns dos outros e criam laços superficiais baseados em diálogos curtos no convívio diário, o que antes não ocorria devido à inacessibilidade aos dispositivos móveis de acesso à internet.       Destarte, é premente que hajam transformações nos relacionamentos interpessoais em reposta à nova configuração do cotidiano. Para isso, as famílias na criação dos filhos deva implementar um cronograma de convívio familiar, excluindo o uso de qualquer aparelho eletrônico, melhorando o relacionamento familiar o indivíduo ficaria menos inseguro nos relacionamentos. O Ministério da Educação criasse um momento nas escolas para todos os alunos se socializassem uns com os outros a fim de criar um relacionamento de amizade mais seguro e sólido com um tempo. Desse modo, no futuro, podermos ter uma sociedade em que os valores sejam pautados no convívio pessoal e presencial e não apenas dependentes do meio digital, criando assim, vínculos mais duradouros.