Enviada em: 04/05/2018

"Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou regredimos." Se Euclides da Cunha - autor da citação - ainda estivesse vivo, já teria conhecimento do caminho que a sociedade escolheu. Afinal, um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que dois em cada seis idosos é vítima de algum tipo de violência no Brasil, evidenciando, assim, o regresso de uma população que se diz "civilizada." Diante disso, a falta de diálogo sobre o tema vem causando graves problemas na sociedade, situação prejudicial ao bem-estar nacional.           Em uma primeira análise, é importante destacar que a inclusão de idosos em nossa sociedade deve ser uma realidade, haja visto que, segundo dados do IBGE, a população na terceira idade vai quadruplicar até 2060. No entanto, em uma época onde são prezados valores como o individualismo, o imediatismo e, sobretudo, a exploração máxima da capacidade funcional do corpo humano, surge a dificuldade dos idosos de conseguirem emprego no Brasil. Em defesa dessa assertiva, é possível citar o caso do aposentado Antônio Pereira, que em sua entrevista ao portal de notícias G1, contou que não consegue emprego por conta do preconceito, “Por causa da idade da gente, acham que não temos mais condição, mas temos ao nosso lado a experiência conquistada com os anos de prática", disse.       Esse campo, entretanto, não é o único infortunado por tal problema. A Organização das Nações Unidas instituiu 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. A data foi definida para alertar a sociedade sobre o número crescente de maus tratos cometidos à população da terceira idade. Para se ter um respício desta realidade, a cada 10 minutos, um idoso é agredido no Brasil, segundo pesquisas. Diante disso, é importante destacar que não só agressão física é considerado uma violência, mas também, por exemplo, a negligência, que ocorre através da omissão da família ou de instituições em que o idoso se encontra por falta de cuidados básicos para a proteção física, social e emocional do idoso, aliado  a privação de remédios, falta de proteção, entre outros.      Diante da situação exposta, medidas são necessárias para mudar essa realidade brasileira. Primeiramente, é preciso que órgãos governamentais criem uma lei que obriguem as empresas e associações privadas a destinarem 10% de suas vagas de emprego para pessoas com mais de 60 anos, visando a redução da dificuldade dos idosos de arrumar emprego no Brasil. Ademais, ONGs e organizações devem investir na criação de passeatas e movimentos para reivindicação, a fim de que ocorra a equidade entre os grupos etários na partilha dos recursos, direitos e responsabilidades sociais., além de promoverem a empatia e respeito a pessoa idosa por meio de diálogos. Com essas medidas, quem sabe os leitores de Euclides da Cunha vejam que a sociedade escolheu progredir.