Enviada em: 27/10/2018

Profecia futurística.     O escritor austríaco Stefan Zweig, em 1941, escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: ''Brasil: país do futuro''. Sua profecia adquire importância concreta, uma vez que, com o aumento da expectativa de vida, refletir acerca do bem-estar dos idosos é pensar no amanhã. Entretanto, apesar dos avanços na legislação com o Estatuto do Idoso de 2003, ainda há impasses que dificultam a plena cidadania desse grupo social.     Em primeiro plano, é preciso destacar a acessibilidade como ineficaz. O livro ''raízes do Brasil'', de Sérgio Buarque de Holanda, enfatiza como a urbanização acelerada, sem planejamento, trouxe consequências para as cidades brasileiras: calçadas má formuladas e transporte público ineficaz, fazendo com que o direito de ir e vir da população senil seja prejudicada. Logo, essa negligência torna-se um obstáculo para a disposição física, aumentando o sedentarismo.    Ademais, convém ressaltar a importância da saúde mental. Segundo a OMS, a depressão é uma das patologias que mais atinge os idosos, tendo em sua principal causa a ausência de afeto familiar. Essa questão pode ser analisada pelo princípio da ''modernidade líquida'', de Zygmunt Bauman, em que as relações tornam-se fluidas e superficiais, afastando famílias. Dessa maneira, a carência de um auxílio prejudica sua disposição cognitiva, desestimulando as tarefas diárias.     Torna-se evidente, portanto, que ainda há entraves para a evolução da longevidade, seja por conta do Estado ou questões culturais. Dessa maneira, cabe ao Ministério Público solicitar ao Poder Legislativo a liberação de verbas para melhorias urbanas, com o objetivo de aprimorar sua mobilidade ao aumentar as sinalizações nas ruas e o acesso aos ônibus. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde criar campanhas de valorização da ajuda de psicólogos para a terceira idade, expondo a necessidade de amparo. Dessa forma, a previsão de Zweig poderá sair do papel e pode-se experimentar na prática um futuro digno.