Enviada em: 31/10/2018

O aumento da expectativa etária no Brasil explicita, de forma direta, melhores condições de vida da população brasileira, atrelados a avanços do âmbito da medicina e das redes de saneamento básico. Entretanto, como retrata o filme "As confissões de Schmidt", no qual um senhor sente-se inútil e desvalorizado após a aposentadoria, essa longevidade apresenta-se, também, com inúmeros desafios. Isso porque, não raro, são exíguos os investimentos públicos direcionados à essa faixa, há a exclusão social, entre outros motivos.      Mormente, embora haja o Estatuto do Idoso, o qual garante à essa faixa etária os direitos básicos, esse recurso legislativo não é, muitas vezes, respeitado. Uma comprovação dessa situação é que o Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, apresenta déficit de mais de 28.000 geriatras, bem como há uma forte concentração do índice de médicos e de faculdades de medicina na região Sudeste. Ademais, o cenário futuro pode tornar-se ainda mais complexo, haja vista que o sistema previdenciário nacional ostenta indícios de colapso, por apresentar, menor contingente de PEA, população economicamente ativa, pois houve diminuição no índice de jovens e adultos no país, e por não possuir apoio governamental suficiente, com políticas públicas eficientes e contra a corrupção.     Ainda convém ressaltar que, no período da Antiguidade Clássica, os mais velhos eram considerados figuras de sabedoria extrema e merecedores de admiração, porém, hodiernamente, não raro, os idosos são excluídos e menosprezados por parte da população. Tal conjuntura demonstra um caráter imediatista e não empático de diversos indivíduos, os quais, diversas vezes, acreditam, erroneamente, que os mais velhos são um sinônimo de fraqueza e inutilidade, principalmente no âmbito trabalhista, e isolam-os. Desa maneira, os registros de abandono contra idosos teve acréscimo de mais de 16% no Brasil, segundo dados do Disque 100.     Portanto, com o aumento da expectativa de vida é imprescindível que medidas concretas sejam realizadas para proporcionar melhores condições de vida aos idosos. A fim de que isso ocorra, é necessário que o governo, junto ao Ministério da Saúde, direcione, por intermédio de corte de gastos em setores de menor urgência, mais verbas para a saúde geriátrica, bem como deve ampliar o Programa Nacional de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas Estratégicas, Pró- Residência, à geriatria, a qual ainda não é contemplada. Outrossim, é de suma importância que o Poder Executivo institua penas mais efetivas contra a corrupção, como, penas mais longas. Em adição, é indubitavelmente preciso que as escolas de todo o país, desde as fases mais tenras, demonstrem a valorização do idoso, por meio de aulas direcionadas e palestras cotidianas.