Enviada em: 27/01/2018

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em menos de um século, a expectativa de vida no Brasil aumentou cerca de 30 anos de idade, o que já pode ser considerado uma forte ameaça para o equilíbrio previdenciário do país e um desafio para os que negligenciam tudo o que diz respeito ao idoso. Em meio aos holofotes que estão voltados para a crescente semelhança entre a pirâmide etária do Brasil e a de países ricos, é importante enfatizar que o foco jamais deveria estar nos avanços tecnológicos, médicos e sanitários que provocaram o envelhecimento populacional  e sim no despreparo estrutural do país para garantir e manter os direitos estabelecidos no Estatuto do Idoso, o qual não existia na Grécia Antiga, e, ainda assim, a sabedoria dos anciãos era a base das decisões políticas. Esse lamentável fato evidencia o retrocesso quanto ao mínimo de bem-estar, dignidade e respeito que o idoso deveria receber.  Sendo assim, é inegável que embora o país investisse na melhoria de vida dos mais velhos - que hoje são quase 15% da população, conforme o IBGE - ainda não seria o suficiente para evitar uma desastrosa crise na previdência social, pois a taxa de natalidade está cada vez menor e as dificuldades financeiras que a nação enfrenta tornam a aposentadoria de todos esses idosos algo extremamente comprometedor para todos os outros setores da sociedade. Todavia, seria inútil prolongar o tempo de trabalho da terceira idade sem desconstruir a cultura de estigma a esses indivíduos no ambiente em que prestam serviço e até mesmo em seu lar, caso contrário, o poema de Cecília Meireles se tornará realidade, pois os idosos morrerão mais facilmente de indiferença do que de doença e velhice.  É imprescindível, portanto, que a mídia televisiva invista em ficções engajadas que exponham a fatídica realidade do idoso em meio à infraestrutura e ao descaso das pessoas, de modo que comova os telespectadores à mudança de comportamento no que diz respeito aos anciãos e os instigue ao uso das redes sociais para difundirem campanhas que façam a sociedade conhecer os meios pelos quais poderão denunciar as oposições às leis que amparam os idosos. Além disso, é essencial que o governo prepare a estrutura das cidades com calçadas planas e lugares aconchegantes para os idosos, porém, é ainda mais urgente e primordial que o Ministério do Trabalho e o setor legislativo do país flexibilizem o esforço da parcela populacional que trabalhará com mais de 60 anos e promovam, juntos, uma reforma previdenciária justa, que tenha como foco incluir os trabalhadores da idade senil nos espaços sociais de serviço sem sobrecarregá-los e isso deve ser feito com o incremento de projetos de lazer, esporte e recreação aos finais de semana para os idosos, amenizando os impactos de um "Brasil envelhecido".