Enviada em: 09/10/2018

Segundo o sociólogo alemão Karl Marx, as transformações ao longo da história ocorriam quando as contradições inerentes ao bom funcionamento da vida em sociedade se tornavam insustentáveis. Nessa perspectiva, hodiernamente, o aumento da taxa de criminalidade entre os jovens brasileiros, haja vista a ineficaz atuação Estatal, bem como o contexto ideológico influenciador revela-se como a contradição mais perversa de uma sociedade em desenvolvimento. Dessa forma, analisar as vertentes que englobam essa inadmissível realidade torna-se imprescindível.           Nesse contexto, é indubitável que a falta de desvelo do Estado no que se refere a políticas públicas de inclusão social e assistência a grupos marginalizados mostra-se um campo fértil para a adesão de jovens ao mundo do crime. A esse respeito, o filósofo Zygmunt Bauman defende, em "Modernidade Líquida", que algumas instituições (dentre elas o Estado) perderam sua função social, mas conservaram sua forma a qualquer custo. De fato, a falta de iniciativas e programas governamentais de proteção social e apoio aos jovens moradores de regiões mais pobres, com a criação de escolas e centros culturais, favorece o direcionamento de tais indivíduos à criminalidade. Contudo, é contraditório que uma sociedade que se conceitua desenvolvida socialmente não dê a devida importância ao grupo que será o futuro do país.          Outrossim, vale ressaltar também que o caráter ideológico atuante em algumas esferas sociais é igualmente fator que potencializa a criminalidade entre os jovens. Isso porque, ao vender a ilusão de poder e ascensão social rápida, o tráfico de drogas e o mundo do crime instiga jovens e adolescentes que, inseridos em ambientes marginalizados e sem perspectivas, acabam aderindo a tais práticas como unica maneira de mudança. Nesse sentido, quando o sociólogo Schopenhauer afirma que os limites do campo de visão de um indivíduo determinam seu entendimento a respeito do mundo, parece prever a necessidade de ações que ampliem a perspectiva da juventude brasileira, para que não se direcionem à atividades criminosas.             Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, fica a cargo das Secretarias Municipais dos locais de maiores índices de criminalidade, a construção de escolas e oficinas culturais que atendam o público juvenil, a fim de garantir  a mudança social e a inclusão dos jovens no meio educacional e cultural. É imprescindível, ainda, a atuação das organizações não governamentais na realização de projetos sociais em zonas periféricas, de modo a instigar a participação de crianças e adolescentes em atividades musicais e esportivas, com o objetivo de desviar o foco de tal faixa etária do contexto do crime e a ampliar seu modo de ver o mundo, direcionando-os à expectativas futuras.