Enviada em: 22/03/2018

No filme Cidade de Deus de Fernando Meirelles, Buscapé é um menino que tenta escapar das intempéries, violência e tráfico de drogas, que assolam sua comunidade. Longe da ficção, porém, essa realidade ainda se repete no cotidiano brasileiro. Isso porque, a criminalidade juvenil é facilitada tanto pela conjuntura do local vivido, quanto pelo deficiente sistema prisional  vigente no país.        Em primeiro lugar, é mister destacar a influência que um ambiente hostil acarreta na vida infanto-juvenil. Segundo a Teoria do Fato Social de Durkeim, a coercitividade é a imposição de padrões culturais a uma sociedade e que obriga-os a cumpri-la. Dessa forma, o indivíduo que vive em local conturbado é seduzido e por muitas vezes é compelido a integrar na criminalidade como forma de ser aceito pelo seu grupo social ou avançar socialmente, isto é, ser reconhecido e respeitado no espaço em que vive. Esse é o caso da personagem de Zé Pequeno, que na trama de Meirelles, junto com seu amigo Bené estabeleceu um império de tráfico de drogas eliminando toda a competitividade da comunidade.        Além disso, a ineficiência do sistema carcerário brasileiro contribui para a problemática. De acordo com dados do Ministério da Justiça, a reincidência no sistema prisional do país é de 60% e chega a 30% no caso dos adolescentes. Isso se deve, em suma, pela incapacidade de ressocialização dos detentos, ou seja, sua reinserção em sociedade. Desse modo, a ausência de assistência social e educativa, não só faz com que esses jovens infratores tornem-se marginalizados no coletivo, mas também sucumbem novamente aos crimes.        Infere-se, portanto, que a questão da criminalidade entre os jovens é consternadora. Para isso, é preciso que o Estado, em especial o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) potencialize o sistema presidiário, incluindo medidas eficientes de ressocialização, como cursos profissionalizantes e oportunidades de empregos para evitar o retorno do jovem ao crime. Ademais, a escola, em parceria com ONGs, pode através de palestras e práticas oferecer oportunidades de estudos, bem como por meio de medidas socioeducativas, como projetos e campanhas engajadas estudantis, influenciar positivamente esses indivíduos em suas comunidades a transformá-las em polos de saber e paz. Só assim, consoantes essas medidas, essa luta será vencida. Pois, já dizia Padre Antônio Vieira que a boa educação é moeda de ouro, já que em toda parte deixa seu valor.