Enviada em: 19/08/2018

SOS SUS   De todas as estatísticas usadas para calcular o índice de qualidade de vida de uma sociedade, a mais reveladora é a taxa de mortalidade infantil, pois quando ela aumenta expõe a realidade de um país que falhou no dever mais básico, o de garantir o direito à vida. E é nesse cenário que se encontra o Brasil, o que é preocupante, haja vista que, com os avanços da Medicina, o número de crianças mortas deveria diminuir, e não o contrário. Nesse sentido, convém abordar algumas causas que conduziram à nossa nação a apresentar mais casos da trágica morte de bebês antes de completarem um ano.   Em uma primeira instância, é de fundamental importância analisar os fatos históricos. Antigamente, os nascimentos eram realizados pelos próprios membros da família ou pelas parteiras. Madame Durocher, uma das mais hábeis do século XIX, registrou que 1 em cada 10 recém-nascidos e que 1 a cada 100 mulheres morriam na hora do procedimento. Assim, esse trabalho passou a ser exercido por médicos obstetras, mais estudados, o que contribuiu para o sucesso nos puerpérios. Só que hoje enfermeiros já podem realizar essa função, desde que seja parto normal. O problema é que, durante o processo, pode haver uma complicação, em que somente os médicos são habilitados. Isso foi um fator contribuinte para o aumento de 5% na quantidade de mortos na infância, de modo específico, na hora do parto.   Além desse primeiro aspecto, é indubitável que a crise no país e o consequente corte de gastos causam as mazelas sociais que assolam a população, dentre elas a mortalidade infantil. Assim, o povo, ao falar que atendimento clínico está cada vez pior, estão corretos, pois, consoante dados extraídos do jornal "BBC", o investimento público em 2017 voltará ao nível dos anos 1990. Em outras palavras, a população cresceu, todavia, o investimento estagnou, o que explica a precariedade gradativa das clínicas e hospitais. Desse modo, retornaremos às condições de vida descrita no livro "Vidas Secas" escrito por Graciliano Ramos, incluído na segunda fase modernista.   A questão da mortalidade infantil, em suma, é emergencial. Em face disso, as enfermeiras obstetras devem realizar partos somente quando houver um médico nas dependências do hospital, a fim de que os riscos de morte tanto para a mãe quanto para o filho sejam menores. Os filantropos, por sua vez, devem direcionar parte de sua doação a famílias de recém-nascidos que são carentes, por exemplo, ajudando na compra de remédios e comida, para que essas pessoas possam ter outra forma de ajuda, que não seja o governo. Dessa forma, cumprir-se-á a cláusula humanitária, conforme a qual todos têm direito à vida.