Enviada em: 28/10/2018

O crescente número de mortes entre crianças remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área da saúde estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência social afeta, inclusive, a população infantil. É nesse viés que a problemática do aumento da mortalidade infantil aponta os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.      Em primeira análise, as causas desse aumento podem ser observadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. É notório que o Brasil enfrenta o retorno de doenças que já foram erradicadas. Essa situação está atrelada à diminuição do número de vacinados devido às campanhas contra vacinação, promovidas por mães naturalistas que desconfiam da eficácia das vacinas. A falta de vacinação atinge, sobretudo, os bebês. Dessa forma, percebe-se, na área da saúde, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard.     Incontestavelmente, a mortalidade infantil em decorrência da falta de vacinação destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. Além disso, o grande número de óbitos entre crianças causa uma alteração na expectativa de vida do país. Essa problemática afeta o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nacional, já que, um dos aspectos avaliados é a expectativa de vida. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores. Dessa maneira, ao analisar as consequências da mortalidade infantil, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.       Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca da necessidade de vacinação. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Saúde –em parceria com instituições privadas- promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre o aumento da mortalidade infantil, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Afinal, segundo o autor norte-americano Skinner, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.