Enviada em: 24/08/2018

Em a "Revolução dos Bichos", George Orwell narra a insurreição dos animais da granja solar contra seus donos humanos. Hodiernamente, o romance assemelha-se à problemática do auto consumo de substâncias. Na medida em que a crítica presente na fábula distópica não reflete apenas as mazelas da desigualdade, como também, as consequências  das manipulações publicitárias sob um grupo social. Com efeito, evidencia-se a necessidade de discutir o impasse de forma mais organizada no Brasil.   Mormente, ao avaliar a automedicação por um prisma estritamente histórico, nota-se que fenômenos decorridos da formação nacional ainda perpetuam na atualidade, visto que a ausência de debate entre governo e sociedade culminaram em uma inconformidade urbana conhecida como Revolta da Vacina. Analogamente, é factível dizer que a inacessibilidade de informações, sobretudo entre as camadas mais pobres corroboram com a não erradicação das práticas de automedicação, haja vista que a medicina popular é de fácil acesso ainda que potencialmente nociva.  Outrossim, os discursos publicitários tendenciosos incentivam a persistência do habito na população. Segundo Durkheim, precursor da sociologia, o fato social é a maneira coletiva de agir e pensar. Essa máxima, infere que o depoimento de indivíduos em redes sociais e no âmbito televisivo em que os aparentes benefícios do medicamento são exibidos encaixa-se na teoria do sociólogo, uma vez que instiga a população a consumir o produto, enquanto os avisos de contraindicação são exibidos de forma acelerada e pouco expressiva.   Por conseguinte,é inescusável a mitigação dos empecilhos da automedicação. Destarte, cabe ao ministério da saúde estabelecer a comunicação com a sociedade, através do bom uso da publicidade de modo a pontuar as consequências do uso de remédios sem prescrição medica -uma vez que a mídia tem imenso poder transformador- promovendo a atenuação do problema. Dessa forma, ao contrario do que ocorria aos animais subversivos a população poderá ser de fato instruída.