Enviada em: 01/09/2018

Inicialmente os farmacêuticos eram designados por boticários, ou seja, aqueles que trabalhavam em boticas. Tais profissionais eram considerados pessoas de nível intelectual baixo, por vezes analfabetos, possuindo pouco conhecimento sobre os medicamentos. Na contemporaneidade, verifica-se que ainda existem pessoas que insistem na prática da automedicação, mesmo não possuindo conhecimento científico necessário. Nesse sentido, o sistema precário de atendimento hospitalar, aliado à alienação midiática atual, convergem para a perenização do problema abordado.       A princípio, vale ressaltar que a desinformação não é uma causa principal que leva ao consumo de medicamentos por conta própria. Segundo dados do Instituto Hibou, 74% da população paulista tem em mente que a automedicação é prejudicial à saúde. Logo, não é a falta de elucidação sobre o assunto que leva as pessoas  a se automedicarem, mas sim o sistema falho de saúde pública nacional. Nesse âmbito, a fim de evitar estresse com filas e atendimentos precários, a população opta por se arriscar consumindo um fármaco sem prescrição médica. Logo, a realização de melhorias nesse setor torna-se imprescindível, pois segundo a Constituição Cidadã, "a saúde é direito de todos e dever do Estado".      Outrossim, deve-se salientar a influência da mídia, no que tange ao consumo de remédios para alívio rápido de sintomas. Nesse sentido, discursos propagandísticos como "tomou doriu, a dor sumiu" funcionam como mecanismos de alienação cultural, haja vista que a indústria farmacêutica promete eliminar sintomas de forma milagrosa, sendo que eles poderiam auxiliar no descobrimento de doenças precoces, para um tratamento seguro e eficaz. Diante desse cenário, as consequências se tornam  muitas vezes irreversíveis. Sob essa ótica, a teoria neodarwinista sugere que os antibióticos atuam como um mecanismo de "Seleção Natural", pois podem apenas eliminar os organismos mais frágeis, deixando os mais adaptados intactos para a futura reprodução. Assim, o perigo das superbactérias tornou-se inquestionável, sendo crucial desfazer o consumo indiscriminado de remédios.      Portanto, fica claro que tanto a mídia quanto o setor público de saúde contribuem para perpetuar a automedicação na sociedade. Diante desse cenário, cabe ao Ministério da Saúde, atuando juntamente com as universidades públicas e privadas do país, aumentar o número de vagas para residência médica, tanto em hospitais de grande porte quanto em postos de saúde locais, a fim de elevar o número de médicos e reduzir as filas para atendimento hospitalar. Ademais,cabe à Secretaria de Comu-nicação Social desmistificar a questão do alívio rápido de sintomas por meio da implantação, nas pró-prias mídias digitais, de  imagens, fotos e vídeos com estudos e informações a respeito da atuação perigosa de remédios,com o fito de elucidar a sociedade na luta contra a automedicação indiscriminada.