Enviada em: 22/10/2018

Do período Colonial até o final do século XIX, o povo brasileiro habitualmente utilizava receitas antigas feitas com ervas, cascas de plantas e partes de animais como remédios no tratamento de dores e doenças_ sem a comprovação de efetividade. Nesse sentido, não obstante, o avanço tecnológico da biomedicina mudou essa realidade e, agora, os remédios são feitos com complexas fórmulas químicas. Contudo, nota-se que a prática de se automedicar continua na sociedade e tem proporções perigosas que ameaçam a saúde da população. Desse modo, apresenta-se uma grave problemática que suscita análise e ações interventivas.      Primeiramente, evidencia-se como origem da questão as insuficiências governamentais relacionadas ao serviço de saúde pública, uma vez que, devido as falhas no Sistema Único e Saúde(SUS), os cidadãos precisam aguardar´em longas filas para receber atendimento médico. Com isso, eles são desencorajados e acabam optando por indicações de conhecidos ou chás em vez de prescrição médica. Outrossim, tal como diz o ideário marxiano de que a economia é a base da sociedade, muitos daqueles que se automedicam fazem por que possuem baixa renda e, assim, são levados a tomar misturas caseiras ou comprar medicamentos duvidosos por serem mais econômicos.      Nesse contexto, como resultado temos cerca de 20 mil mortes ao ano causados por erros em automedicação no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Industrias Farmacêuticas. As pessoas aceitam indicações sem conferir os efeitos colaterais ou mesmo a composição química dos produtos, o que pode provocar alergias, intoxicações e reações fatais, além de, não raras vezes, encobrir enfermidades mais graves que geraram os sintomas iniciais. Ademais, seguindo a teoria de Darwin da seleção natural, o uso de medicamentos antivirais e antibióticos de forma incorreta pode acarretara a especiação e, destarte, o surgimento de doenças hiper-resistentes.        Em face do exposto e de forma análoga a primeira lei de Newton, a qual um corpo mantém seu movimento até que uma força atue sobre ele, fica clara a necessidade de forças efetivas que parem a continuidade da automedicação no país. Assim sendo, o Estado deve cumprir sua obrigação de garantir o serviço de saúde pública de qualidade a todos, mediante aumento de recursos e investimentos em tecnologias que melhorem e simplifiquem o acesso ao SUS, para que não haja mais necessidade de escolher opções mais fáceis e baratas no tratamento de doenças. E, por fim, faz-se fundamental a participação da mídia em parceria com o Ministério da Saúde, vinculando campanhas publicitárias que informem a população sobre os riscos dessa prática, com o fito adicional de erradicar o uso inconsequente de chás e ervas selvagens.