Enviada em: 29/10/2018

Criados para a resolução de doenças, os remédios têm um grande papel no aumento da expectativa de vida da população. Apesar disso, no Brasil, o uso excessivo de fármacos sem prescrição médica tem causado dependência em muitos. Nessa discussão, é necessário analisar os paradigmas sociais e os costumes culturais que resultam nessa problemática.        Em primeira análise, é importante destacar o imediatismo como característica da sociedade hodierna, uma vez que ele rege o comportamento dos atores sociais. Nesse cenário, sintomas como dor de cabeça e garganta inflamada são tratados com remédios que o próprio paciente, sem consulta médica, receita com a finalidade de desaparecerem rapidamente. Entende-se esse quadro à luz de Bauman, pois ele afirma que o imediatismo é marca do corpo social moderno e reflete-se em todos os setores sociais. Sob esse viés, infere-se que o imediatismo fomenta a automedicação, na medida em que os fármacos conseguem resolver os sintomas de maneira ágil.        Ademais, é precípuo ressaltar que a automedicação é um costume social. Nesse contexto, crianças são remediadas pelos responsáveis legais sem consulta pediátrica, o que consolida a automedicação de geração para geração. Isso pode ser compreendido no conceito de Habitus, de Bourdieu, pois, para esse teórico, os hábitos coletivos influenciam comportamentos individuais. Nessa perspectiva, entende-se que o a cultura mantém a automedicação, haja vista que molda os costumes individuais.              Diante dessa conjuntura social, medidas tornam-se necessárias. Portanto, as Unidades de Saúde, responsáveis pela saúde municipal, devem trabalhar de forma a prevenir doenças, por meio de acompanhamentos alternativos da população com acupuntura, por exemplo, a fim de evitar sintomas corriqueiros e, consequentemente, a automedicação. Paralelo a isso, cabe à escola, responsável pela formação cidadã, a desconstrução do costume de automedicação, por intermédio do incentivo de pesquisas que mostrem os efeitos colaterais do uso indiscriminados de remédios, com fito em retirar esse costume da sociedade.