Enviada em: 26/04/2019

Após o término da Idade Média, o mundo viveu a formação dos estados nacionais, nos quais impulsionaram o período das Grandes Navegações. Nesse contexto, navegadores usavam o método de levar, em seus trajetos marítimos, plantas medicinais e remédios caseiros para combater qualquer enfermidade gerada. Entretanto, no cotidiano brasileiro esse aspecto de automedicação tornou-se um problema ao bem-estar da população, no qual – seja pela demora no serviço de saúde pública, ora pelo fácil acesso de fármacos sem prescrição – corrobora para que cidadãos desenvolvam reações alérgicas e novas doenças. Cabe analisar, portanto, os principais impactos.      Em princípio, é notório que a lentidão do sistema público de saúde auxilia para o aumento da prática de automedicar-se. A título de exemplo, segundo a reportagem do Portal de Notícias G1, em junho de 2018, 45% dos usuários do Sistema Único de Saúde estão na fila de atendimento há mais de seis meses esperando apenas por uma simples consulta ou exame. Assim, boa parte da população – com o intuito de fugir de tal demora – opta pela medicação própria sem a consultoria e acompanhamento de um profissional qualificado. Por consequência, o cidadão que desconhece qual medicamento deve ser correto e faz a utilização inadequada pode gerar o agravamento da doença, o que retarda o tratamento e provoca novos males.     Ademais, além do serviço de saúde popular, o fácil acesso a remédios também facilita para costumes de automedicação e convém ser contestado sob a visão do sociólogo francês Émile Durkheim. Segundo o autor, o indivíduo só poderá agir na medida em que conhecer o contexto em que está inserido. Analogamente, no momento que o cidadão conhece o âmbito de simples acesso e compra de fármacos sem a prescrição médica ele avança nesse cenário e até mesmo deixa de buscar orientações dos clínicos. Logo, cada vez mais pessoas tendem a buscar o consumo pessoal por medicamentos e, em casos de persistência dos sintomas, essa prática cria problemas maiores como intoxicações corporais.     Diante disso, torna-se evidente que medidas devem ser tomadas. Para isso, o Ministério da Saúde, por meio de verbas públicas, deve promover um amplo investimento no serviço social de saúde, de modo a elaborar clínicas ambulantes de pronto atendimento que possam garantir um acesso mais rápido de consultas e exames. Desse forma, a população terá menos receio de lentidão ao ir consultar um médico e será possível desconstruir a valorização por automedicar-se. Além disso, as universidades, através de cursos de capacitação, devem formar os futuros farmacêuticos aptos para educar os consumidores sobre os riscos da medicação própria e exigir a prévia consulta médica, a fim de que esse ato fique apenas nas histórias marítimas e deixe de causar danos a população.