Enviada em: 07/07/2019

No conto de fadas, Chapeuzinho Vermelho faz uma visita a sua vó, a fim de levar uma cesta de doces, mas, para isso, percorre o caminho não aconselhado pela sua mãe por ser mais curto. No mundo hodierno, essa narrativa assemelha-se a prática imprudente das pessoas no que se refere a automedicação -devido o seu fácil acesso-, sendo um ato contraindicado pelos médicos. Diante dessa premissa, é importante ressaltar dois causadores preocupantes: a negligência governamental em conjunto a carência de fiscalizações.  A priori, vale mencionar o descaso do papel governamental sobre essa temática. Nesse contexto, o filósofo Thomas Hobbes defende a existência de um Estado que garanta o bem-estar populacional. Em contrapartida, sabe-se que essa ideia não é posta em prática, devido a escassez de médicos nos polos de saúde, bem como a falta de políticas públicas que facilitem o atendimento dos pacientes, já que existem burocracias e uma extensa lista de espera.Com efeito, as pessoas recorrem a outras alternativas para conseguirem um diagnóstico, como exemplo:a internet. Dessa forma, através dessa ferramenta, a sociedade consegue uma análise muitas vezes errônea sobre seu quadro de saúde e ingere medicamentos inadequados para situação.   Convém ressaltar, ainda, que a escassez de fiscalizações nas farmácias acentuam o impasse. Nesse contexto,o sociólogo polonês Zygmunt Bauman descreve acerca do individualismo, que prioriza o próprio benefício sem considerar o bem-estar da outra pessoa. Desse modo, vê-se essa ideologia imposta no ramo farmacêutico, no que tange ao comércio de alguns medicamentos sem prescrição médica, uma vez que os vendedores não se preocupam com as consequências a serem sofridas pelos pacientes. Sendo assim, como a sociedade carece de entendimento sobre os impactos da automedicação, essa ação ocorre diariamente, e também é consumida de forma errada, isto é, ingere em grande quantidade a fim de ter um resultado instantâneo. Contudo, sabe-se que isso não acontece, até porque como diz o ditado popular "a diferença entre o remédio e veneno está na dosagem".   Diante dos fatos supracitados, não há dúvidas dos perigos e barreiras existentes na automedicação.Destarte, cabe ao Ministério da Saúde -órgão responsável por gerenciar e garantir saúde a população- fiscalizar as carências dos hospitais e as negligências farmacêuticas, por meio da contratação de médicos e criação de um aplicativo que supervisione a venda dos remédios, a fim de atenuar a automedicação no país. Além disso, é importante que o tal ainda dissemine os perigos desse ato, para que a população fique ciente de seus males. Dessa maneira, os chapeuzinho vermelhos atenderiam o conselho maternal e iriam pelo caminho complexo, no entanto, mais seguro.