Enviada em: 13/10/2019

Na série "Euphoria" é retrada a jornada da protagonista Rue, uma adolescente que, por sofrer de distúrbios psíquicos desde a infância, busca nos entorpecentes uma forma de escapar de sua realidade. Ao longo da narrativa, é mostrado que, ao roubar pílulas que faziam parte do tratamento de seu pai contra um câncer terminal, a jovem desenvolve um vício em drogas. Analogamente, o seriado traz uma perspectiva sobre como, no século XXI, a população tende, a cada vez mais, automedicar-se a fim de amenizar suas angústias. Isso é um reflexo da facilidade de acesso dos medicamentos sem receita e, consequentemente, pode ocasionar o aumento da incidência da dependência química.       Primordialmente, é evidente que, ao distorcer os reais efeitos de certos remédios, as propagandas influenciam a consolidação desses hábitos viciosos. Consoante a isso, como preconizado pelo filósofo Santo Agostinho, o ser humano está constantemente buscando a satisfação em uma tentativa de preencher seu vazio existencial infinito com coisas finitas. Nesse sentido, a ilusão criada pela publicidade de que existem certas substâncias farmacêuticas milagrosas, como, por exemplo, pílulas emagrecedoras, leva os indivíduos a acreditarem que, ao consumirem-as, serão capazes de amenizar seus sofrimentos sem sofrer nenhum efeito colateral. Contudo, na realidade, a automedicação pode resultar em reações alérgicas, intoxicações ou, em casos extremos, a morte.       Outrossim, convém investigar os perigos do ato de medicar-se sem a prescrição médica. Por conseguinte, é relevante mencionar a Terceira Lei de Newton, a qual, como definida pelo físico Isaac Newton, consiste na ideia de que para toda ação existe uma reação. Considerando-se o exposto, a conduta de automedicar-se acarreta em uma série de consequências a longo prazo, uma vez que quando um remédio é usado com certa frequência, mesmo que em pequenas dosagens, ele progressivamente terá sua eficácia minimizada, criando a necessidade utilizá-lo em maiores quantidades. Dessa forma, esse efeito cascata pode levar os usuários a se tornarem dependentes químicos, como o caso de Rue, protagonista da série "Euphoria".       Em virtude do que foi mencionado, evidencia-se que o quadro atual urge de intervenções imediatas. Sendo assim, para que seja desconstruída a ideia de que a automedicação é benéfica, cabe aos ministros da educação e saúde, criarem, por meio de reformas no sistema público de ensino, um plano pedagógico que desestimule essa prática ao incentivarem os estudante e suas famílias a participarem de palestras e debates, nos quais sejam explicadas as decorrências dessa conduta irresponsável e a importância da prescrição médica. Somente assim será possível garantir que, diferente da jovem Rue, as próximas gerações sejam propriamente informadas e o problema em questão fique no passado.