Enviada em: 23/07/2017

Segundo o filósofo Aristóteles, o homem necessita esquivar-se dos extremos dos seus atos, considerado-os como vícios, seja por falta, seja por excesso, a fim de conviver na mediania das suas condutas, por meio da virtude. Todavia, a precariedade da saúde pública aliada à demasia de pré-diagnósticos salutares, fomentam assim a automedicação, um meio-termo "não-virtuoso",entre ausência e abuso, e que impõe meios enérgicos.        De acordo com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), cerca de 70% dos brasileiros se automedicam sem prescrição médica. Entre um dos principais motivos, a deficiência na qualidade da saúde pública devido às longas filas, déficit de profissionais, além da má infraestrutura, ocasionam, dessa forma, a predileção ao autodiagnóstico pelos pacientes. Concomitante a isso, a liberação recente pelo governo de inibidores de apetite, para emagrecimento, além da fosfoetanolamina, a "pílula do câncer", sem apoio da Anvisa, preocupam pelos riscos sujeitos.        Além disso, a procura intensa por certos fármacos sem orientação profissional é alarmante. Prova disso, conforme pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a comercialização de ritalina cresceu em média 775% em dez anos, sendo esta amplamente utilizada entre estudantes no intuito de ampliar a concentração nos estudos. Uma vez que esse medicamento deve ser usado apenas em casos de déficit de atenção, amplia-se assim a discussão sobre o rigor nas aquisições errôneas.         Diante dos fatos expostos, para erradicar a automedicação negligente no país, é imprescindível aos gestores municipais e às farmácias locais, o apoio aos chamados "consultórios farmacêuticos", por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Assim, esses profissionais podem aconselhar  e receitar remédios corretos, que não exijam prescrição médica, ao paciente. Ademais, feiras, exposições e mesas-redondas, com o propósito de alertar estudantes e comunidades sobre os riscos do consumo indiscriminado de alguns fármacos, em especial entre jovens, são viés "virtuosos" à saúde humana.