Enviada em: 24/10/2017

Stuart Mill, filósofo britânico, expôs sua máxima que dizia " sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano"; apesar de escrita no século XIX, a frase parece fazer sentido ainda hoje. Quando o panorama de crescimento da automedicação é analisado no Brasil, percebe-se que a soberania citada está sendo mal utilizada, já que embora comum, é uma prática altamente arriscada. Nessa perspectiva, dois aspectos fazem-se relevantes: a precariedade do sistema de saúde comunitária e a facilidade da aquisição de remédio sem prescrição profissional.    Precipuamente, convém ressaltar que a automedicação é a principal causa de intoxicação no país; com base na Abifarma, esse exercício é responsável por cerca de vinte mil mortes anualmente. Os números estatísticos tendem a se intensificar pela dificuldade ao ingresso a consulta gratuitas e diagnósticos precisos, tendo em vista o sucateamento do SUS junto à negligência informacional a cerca das contraindicações e possíveis  efeitos colaterais, tais como: taquicardia, tontura, insônia e elevação da pressão sanguínea.    Além desse fator, é importante pontuar que, segundo a OMS, sessenta mil internações realizadas, têm como causa, o uso de remédios tarjados e de venda livre. Apesar de serem extremamente perigosos, diversos medicamentos são adquiridos indiscriminadamente, sem que haja a necessidade de comprovação através da receita médica; lamentavelmente, dosagens irregulares, diagnósticos equivocados e intervalos de tempos desequilibrados podem ocasionar dependência química, formação de superbactérias, alergias e - em complicações mais graves - óbito. Convém lembrar ainda que, há o incentivo ao consumo, corroborado por propagandas massivas farmacêuticas e indicações de amigos, familiares e pessoas sem especialização ou profissionalismo.    Torna-se evidente, portanto, que a situação é grave e exige mudanças no campo governamental e comportamental. Desse modo, é fundamental que o Ministério da Saúde em parceria ao programa de Rede de Hospitais Sentinelas, proporcionem a excelência na qualidade do serviço público , através de um atendimento preciso, rápido e eficiente; notificando os pacientes a cerca dos efeitos paralelos ao tratamento e as instruções corretas a fim de um procedimento seguro. Ademais, a Anvisa unida à ONGs devem fiscalizar as farmácias com mais rigorosidade -  por meio de punições adequadas aos estabelecimentos ilegais - e realizar campanhas que promovam a divulgação das consequências do uso de drogas lícitas e medicamentos à população em geral, visando a conscientização coletiva, a minimização das  inferências e  o bem-estar físico e mental.