Enviada em: 27/04/2018

Aparente felicidade : a triste realidade do crack    Euforia. Prazer. Felicidade. Tais sentimentos estão intimamente relacionados ao consumo de drogas, como o crack. Por meio da liberação de neurotransmissores do prazer, o uso dessa droga reflete num estado de euforia que, por ser momentâneo, implica uma relação de dependência usuário-droga. No Brasil, a epidemia do consumo de crack tem se revelado uma triste faceta do cenário social. Posto isso, torna-se imprescindível analisar essa temática, seja sob a ótica da estrutura familiar, seja pelo campo estatal.    Em primeiro plano, cabe ressaltar que, segundo Sigmund Freud, o desenvolvimento identitário e cognitivo da criança advém, mormente, da família. Seguindo essa linha de pensamento, é certo que a instrução familiar é crucial na conscientização da criança e do adolescente quanto aos malefícios do crack. Todavia, embora algumas famílias exerçam esse importante papel, muitos filhos ainda não são orientados pelos pais nesse sentido e, consequentemente, acabam adentrando no mundo do crack. Não é à toa, então, que 13 em cada 100 usuários de crack são crianças e adolescentes, conforme aponta uma pesquisa da Fiocruz.    Somada à questão familiar, há de se considerar a relevância do aparato estatal no combate à atual epidemia de crack no Brasil. Nesse sentido, em 2017, lideranças do poder legislativo defenderam a internação involuntária de usuários de droga no país. Essa postura revela o despreparo dos agentes da esfera legislativa em analisar a problemática, uma vez que o tratamento de usuários de crack não deve ser punitivo e forçado, mas sim inclusivo, por meio de medidas que efetivem a desvinculação da dependência química, aliada à inclusão social dos ex-usuários.    Destarte, fica evidente que, para minorar a epidemia de crack no Brasil, diversos agentes comunitários devem ser mobilizados. Portanto, é dever das famílias manter uma relação aberta e íntima com crianças e adolescentes, orientando-os sobre os males do consumo da droga, bem como dando-os a oportunidade de conversar sobre o tema a qualquer momento, a fim de reverter o quadro destacado pela Fiocruz. Ademais, urge que o âmbito estadual do poder crie centros de reinserção social de usuários de crack, os quais, diferentemente dos já existentes centros de internação, possuam escolas gratuitas e serviços de saúde disponíveis aos internos, de modo a garantir a desvinculação da dependência química. Dessa forma, apagar-se-á mais uma mazela social no Brasil.