Enviada em: 03/09/2017

No limiar do século XXI, se instalou em São Paulo a maior região de consumo de drogas da América Latina, a cracolândia, concentrando cada vez mais usuários e traficantes e sendo o crack um subproduto da cocaína de rápida dependência, ela se tornou motivo de intensos debates em 2017. Não só pelo risco que essa região representa para a segurança pública, mas também por demonstrar as falhas da gestão nacional quanto aos usuários e sobre como combater o uso de crack no Brasil.         Primeiramente, tem-se uma prefeitura que há anos tem falhado com projetos que visam acabar com a cracolândia e que em 2017, decidiu pelo uso da força reconquistar a área do centro de São Paulo, que abriga consumidores e vendedores de drogas, não só por preocupações como segurança e saúde pública mas também por benefícios econômicos. Sendo este último impulsionador de políticas como a internação compulsória que é tida como medida principal por parte da gestão para acabar com uso intenso de drogas na região, no entanto, mesmo que permitida pela lei régia do país, esta ação deve ocorrer antes de tudo de maneira humanizada e somente em casos que há a permissão e o acompanhamento médico, o que não está acontecendo em São Paulo         Ademais, mesmo que essas medidas tenham o apoio de 80% da população paulista, como revela o Datafolha, essa ação vai contra os direitos previstos na Constituição de 1988 que estabelece a liberdade e o ir e vir a todos os cidadãos brasileiros. Além disso, pesquisas realizadas pela Universidade Federal de São Paulo, comprovam que apenas 2% dos usuários tratados por meio da internação compulsória têm sucesso no tratamento, a isso se deve levar em conta o quão violento esse processo se torna e o fato que de o uso de drogas é apenas um dos sintomas que a exclusão e a desigualdade social causam nos indivíduos. Sendo assim, necessário ações que ao invés de apenas inviabilizar o acesso as drogas em determinado período de tempo, que combatam os fatores que causam a vulnerabilidade psíquica e social.        Destarte, para que a epidemia de crack seja combatida no Brasil, faz-se necessário alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, as forças de segurança e os órgãos de saúde. O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir a ressocialização dos dependentes, o acesso à moradia, a um emprego e a diretos sociais e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade e a proteção desses indivíduos; as forças de segurança, responsáveis pela manutenção da ordem pública, deverá realizar o controle do tráfico; os órgãos de saúde, encarregados pelo bem estar físico e psicológico da população, deverá atuar no tratamento humanizado e ressocializante dos dependentes.