Enviada em: 22/08/2017

Segundo a perspectiva aristotélica, o ser humano é um animal cuja sociabilidade lhe é inerente. No exercício desse atributo, os mais variados hábitos são compartilhados pelos homens, em suas relações interpessoais. Dentre eles, infelizmente, observa-se, no Brasil, o consumo de crack, o qual tem crescido galopantemente nos últimos tempos. Porquanto tal prática produza consequências desastrosas para a sociabilidade e para a saúde dos usuários, a sociedade civil e o poder público devem buscar meios eficazes para o seu combate.     Uma das primeiras áreas afetadas pelo uso de crack, com certeza, é a vivência social do usuário. Na família, entre os amigos, no trabalho, ele sente na pele aquilo que os sociólogos definem como estigma, ao receberem uma nova representação social. Passam a ser identificados como integrantes de um grupo social marginalizado, ao qual não pertenciam: usuários de crack. Destarte, tornam-se outsiders dos grupos aos quais estavam integrados anteriormente, vindo a ocorrer um grande distanciamento entre eles e pessoas que os amam e são por eles amadas. Como consequência, os usuários de crack sofrem vários transtornos emocionais e psicológicos, os quais refletem na vida profissional, acadêmica e familiar dos mesmos.     Outrossim, não apenas a vida social dos consumidores de crack é afetada, mas também a sua própria saúde está em jogo. Derivado da cocaína, o crack produz uma rápida e intensa dependência do usuário, afetando dramaticamente o seu sistema nervoso. O organismo sofre um efeito devastador, sob os seus efeitos, e, infelizmente, o poder público não ajuda muito. Não são muitas as clínicas de recuperação, no Brasil, o que faz com que muitos usuários não tenham acesso a procedimentos profissionais auxiliadores no abandono do vício e no tratamento dos danos causados pelo uso da droga. Nesse sentido, porquanto reconheça a Constituição da República Federativa do Brasil que a saúde é um direito de todos, observa-se a ineficácia de tal dispositivo no tocante aos usuários de drogas.    Portanto, diante do acima exposto, verifica-se de urgente necessidade a tomada de iniciativas que visem o refreamento do consumo do crack. Cabe à sociedade civil, através das famílias, escolas e ONGs, por um lado, oferecer um olhar compreensivo para com o usuário, fornecendo-lhe o apoio necessário para o abandono do vício, e, por outro, instruir aqueles que ainda não se tornaram usuários quantos às consequências danosas acima citadas. Ademais, devem as secretarias municipais de saúde estabelecer clínicas de recuperação e promover campanhas de conscientização, com propagandas em rede televisiva, com o fito de vislumbrarmos um futuro em que o número de usuários de crack diminua.