Enviada em: 18/10/2017

Realidade líquida Segundo o pensador polonês, Zygmunt Bauman, a modernidade vivenciou um estado de permanente guerra à tradição, legitimada pela anseio de coletivizar o destino humano em um plano novo e mais representativo. A partir dessa lógica, compreende-se que, ao se discutir sobre a problemática do crack, no Brasil, percebe-se que o Estado perdeu o controle sobre a situação. Nesse sentido, cabe analisar por que tal controle foi perdido e explicar de modo que se perceba a necessidade de resolver esse problema, com uma abordagem complexa de atuação do Estado e do setor privado. Evidencia-se, em primeira abordagem, que o colapso das instituições, como analisa Bauman, levou à falha no sistema meritocrático. Isso significa que o pobre, desprovido de investimentos educacionais, vê-se, na hora de entrar no mercado de trabalho uma grande dificuldade, essa ingerência do Estado, somada à complexa idolatração ao consumo que é veiculado constantemente em todas as mídias existentes, faz o indivíduo ver, na droga, a fuga mais rápida dessa realidade cruel e injusta. Vale pontuar que mais de 95% dos usuários de crack não cursaram o ensino superior, o que prova a falta de investimento do governo nessas pessoas. É preciso, então, perceber que o problema do crack é apenas a superfície de uma questão social que começa, com a falta de investimentos do Estado, nas pessoas. Outro ponto importante, nessa discussão, relaciona-se ao fato de que milhares de pessoas morrem todos os anos vítimas dessa mazela social e, para surpresa de muitos, a overdose é o menor fator fatídico, pois a maior parte das mortes são causadas pelo confronto da polícia com os criminosos que comercializam o crack e situações que envolvem usuários, dívidas e traficantes. Nessa perspectiva, é importante observar que toda a sociedade perde com esse entrave social que penaliza significativo contingente de pessoas, colocando, nessa conta, centenas de crianças que residem nas crocolândias como filho de usuário ou até mesmo como usuário. Aliás, não se pode negar que, passar a infância em uma crocolândias gera a manutenção desse sistema opressor. Logo, torna-se pontual que o setor privado junto com o Estado atuem em uma longa e permanente ação social para reverter esse cenário. Diante dessa realidade, verifica-se a necessidade de corrigir esses erros sociais. Dessa forma, é imprescindível que as prefeituras promovam a recuperação química, a oportunidade de capacitação, emprego e renda dessas pessoas, a partir de clínicas de reabilitação e instrução que, além de ajudar no tratamento químico, profissionalizaram e capacitaram os pacientes através de cursos, para adentrarem no mercado de trabalho, cabe, também, às prefeituras darem isenções fiscais aas empresas que contratarem essas pessoas, a fim de que o ex usuário seja inserido em uma nova realidade de oportunidade, agora, menos opressora e desigual, gerada pela boa condição de renda. Com essas ações, espera-se que mude a realidade desses indivíduos e, com isso, melhore a eficiência da guerra contra o crack no Brasil.