Enviada em: 25/05/2018

No período colonial era comum que senhores de engenho abusassem de meninas escravas de 10 a 12 anos de idade, que eram submissas à suas vontades. Hoje, apesar de grande parte dessa infeliz herança histórica ter desaparecido, ainda são percebidos resquícios dela em uma situação análoga: a cyberpedofilia. Nesse contexto, por ser um abuso infantil que ocorre através da internet e por estar cada vez mais presente na hodiernidade, faz-se necessário não só analisar as razões para a existência desses crimes de pedofilia na web, mas também buscar caminhos para combatê-los.        Convém ressaltar, a princípio, a facilidade que o pedófilo tem de agir na internet. Isso porque, por estar no ambiente virtual, o aproveitador tem acesso ao anonimato e seus dados dificilmente podem ser rastreados, consequentemente, ele se sente 'protegido' para cometer seus delitos sem medo de ser pego. Dessa forma, o criminoso utiliza-se de perfis 'fakes' e atrai suas vítimas em bate papos de jogos ou nas redes sociais ao usar fotos com apelo infantil ou se passar por criança. De acordo com a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, essa tática é usada por cerca de 80% dos aliciadores, que, após adquirirem a confiança das crianças, lhes pedem fotos íntimas e lhes ameaçam.        Ademais, apesar de o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente afirmar que o melhor meio para combater a cyberpedofilia é a prevenção, ainda percebe-se uma enorme falha de pais e professores nesse quesito. Nessa lógica, os responsáveis pela educação das crianças são negligentes à temática e deixam de instruí-las à respeito do uso prudente da internet, muitas vezes, por não saberem sobre os perigos existentes por trás das telas dos computadores. Por conseguinte, desinformadas, sem a atenção de adultos devida e ingênuas, as crianças tornam-se alvos fáceis para esses predadores sexuais que estão em quase todos os lugares da internet.      Torna-se evidente, portanto, que a pedofilia na internet é um problema grave no Brasil e medidas são necessárias para combatê-la. Primeiramente, seguindo a lógica kantiana de que o homem é aquilo que a educação faz dele, é preciso que o Estado, por meio do Ministério da Educação, invista fortemente  em campanhas de prevenção desse crime, nas escolas, com o intuito de conscientizar os alunos desde as séries iniciais; isso deve ser feito através da distribuição de cartilhas educativas nas escolas e da promoção de debates e palestras que envolvam professores, psicólogos, pedagogos, pais e alunos e discutam sobre os mecanismos usados pelos aproveitadores para seduzir as vítimas e como se proteger efetivamente deles. Além disso, cabe à mídia, exibir programas e ficções engajadas que tratem aprofundadamente sobre o assunto, ensinando claramente como se deve encarar a situação. Tudo isso, para que o legado lamentável da colonização seja extinguido do país.