Enviada em: 02/11/2018

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura insuficiência do Estado Brasileiro frente aos crimes cibernéticos é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento que mira o progresso da segurança pública e o bem-estar de sua população. Com isso, surge a problemática dos delitos de pedofilia na internet que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela omissão familiar, seja pela lenta mudança de mentalidade social.   Em primeira análise, cabe ressaltar que no ambiente familiar, no qual, em muitas famílias, com pais omissos e com pouca regulamentação dos conteúdos acessados pelos seus filhos é um dos fatores que favorece a ação de pederastas em redes sociais, jogos ou plataformas comunicativas, o que leva o questionamento da saúde mental desses pais apos o casos de pedofilia descoberto. Conforme o pensador indiano Oshe, o medo da exclusão social é a principal causa para um indivíduo deixar de lado a sua própria identidade, o que pode gerar consequenciais como a depressão e o suicídio.   Concomitantemente a isso, reside no fato de que as pessoas estão vivendo tempos de "modernidade líquida", conceito proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, o qual evidencia o imediatismo das relações sociais. Atualmente, pode-se notar que o fluxo de informações ocorre em grande velocidade, fenômeno que muitas vezes dificulta uma maior reflexão acerca dos dados recebidos, acostumando o ser a apenas utilizar o conhecimento prévio. Uma parcela da população , então, quando apresentado ao ''mundo da internet'' , tem dificuldade em enxergar suas mazelas para os jovens , uma vez que, sua formação pessoal baseou-se somente em uma esfera de vivência, como por exemplo associar a imagem do mundo cibernético como um lugar totalmente sociável, educativo e sem perigos, o que pode comprometer o combate aos crimes de pedofilia.    Diante disso, urge que o Poder Público intensifique campanhas de conscientização social, por meio de mídias de grande alcance. É imperativo, também, que o Ministério da Justiça amplie punições contra crimes de homofobia, estipulando penas mais duras, com a finalidade de frear e intimidar as ações  desse criminosos juntamente com o incentivo à criação de ONGs com o intuito de denunciar tal problema. Em consonância, cabe ao Ministério da Educação estimular as escolas a desenvolverem palestras, projetos e atividades lúdicas que retratem os perigos e as ameças do mundo virtual.