Enviada em: 04/11/2018

A obra naturalista "O cortiço", do escritor Aluísio de Azevedo, retrata a vida de Pombinha, uma garota jovem e inocente, que é abusada sexualmente pela prostituta Léone. Apesar de ficcional, tal questão não se afasta tanto da realidade brasileira contemporânea, na qual inúmeras crianças são vítimas de pedofilia, principalmente no ambiente virtual, em que a rápida comunicação nas redes sociais e a possibilidade de anonimato facilitam a atuação de pedófilos. Diante disso, torna-se necessário analisar o fenômeno para evitar que este tome mais força.     É indubitável que a insuficiência legislativa esteja entre as causas do problema. Segundo o poeta Ivan Teorilang: ‘’A impunidade é um incentivo contundente para a prática do crime’’. De maneira análoga a esse pensamento, muitos usuários criam perfis falsos e usam o anonimato na certeza de que não serão punidos e nem descobertos, assim passam a iludir, elogiar e conquistar a confiança das crianças para elas enviarem fotos e vídeos de nudez ou mesmo marcarem encontros, haja vista que, de acordo com os dados da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), os casos de pedofilia com o auxílio da internet, em 2017, cresceram 50% no Rio de Janeiro. Dessa forma, enquanto a impunidade prevalecer, essa violência repugnante vai sobrepor no mundo virtual.       Outrossim, faz-se mister, salientar, inclusive, o setor social como impulsionador da persistência da problemática exposta. Segundo Zygmunt bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações políticas, sociais e econômicas é a característica da "modernidade líquida" vivida no século XXI. Parafraseando Bauman, verifica-se que a ausência do grupo familiar corrobora para o crescimento degradante da pedofilia no mundo virtual. O atual mundo moderno faz com que os pais tenham que passar a maior parte do tempo no trabalho, ocasionando um distanciamento da vida pessoal do filho com a dos pais. Por conseguinte, a ausência de controle e diálogo, fazem com que as crianças busquem na internet pessoas para conversarem livremente, o que as tornam alvos fáceis de pedofilia.         Logo, percebe-se que a pedofilia na internet necessita ser combatida. Portanto, o Setor Legislativo deve criar leis que punam devidamente os pedófilos, por meio de assembleias constituintes e projetos jurídicos, de modo que a prática de tal ato diminua no âmbito tecnológico. Ademais, o Ministério da Educação deve promover nas escolas, palestras e reuniões em grupos, ministradas por psicólogos, entre pais, alunos e professores, com o intuito de alertar os pais ou responsáveis a fiscalizarem as ações das crianças na internet e debaterem sobre as consequências da pedofilia e o que ela pode causar na esfera familiar. Por fim, atos como o que correu com a jovem Pombinha serão extinguidos das esferas digitais, a impunidade não existirá e a solidez nas relações familiares será possível.