Enviada em: 06/08/2018

Em "Morte e vida severina" João Cabral de Melo Neto retrata a vida do retirante nordestino, que, nas palavras do autor, "morre de fome um pouco por dia". Essa obra, escrita em meados do século XX, permanece atual no contexto brasileiro: a fome é recorrente no país. Desse modo, conhecer os mecanismos históricos que a propiciam é o primeiro passo para transformar essa realidade e garantir as necessidades básicas do cidadão.       A princípio, é importante ressaltar que a concentração de terras e renda agrava essa problemática. Esse contexto tem bases no sistema latifundiário colonial, que priorizava a exportação e propiciou a acumulação de terras e riqueza, enquanto grande parte da população padecia com a fome e pobreza. Essa situação ainda repercute no Brasil que, segundo a Organização Mundial de Comércio é o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Assim, perpetua-se o modelo exportador, que, junto com a concentração de terras, propiciam a permanência da fome no país.       Em decorrência disso, a alimentação -necessidade básica de sobrevivência- é comprometida para parcela da população. Isso, de acordo com a teoria do psicólogo Abraham Maslow, impede o alcance das demais necessidades humanas, ligadas à segurança e a estima. Assim, as necessidades ligadas à educação, esporte e lazer não cumprem com seu objetivo social, uma vez que a alimentação é deficitária.       Diante disso, faz-se necessário que o Poder Público promova a agricultura familiar em todo o país, por meio da doação de terras públicas e instrução agrícola, a fim de mitigar os problemas históricos e propiciar a alimentação saudável. Além disso, é imprescindível que esses programas estejam vinculados a escolas da rede pública, que devem receber o excedente da produção agrícola e diversificar a alimentação dos alunos, para que, alimentados, possam concluir com êxito as atividades estudantis. Desse modo, problemas históricos brasileiros, que foram denunciados pela literatura modernista, podem ser mitigados.