Enviada em: 08/05/2018

Na segunda metade do século XX ocorreu a Revolução Verde, na qual houve o aumento e a modernização da produção agrícola com o objetivo de acabar com a fome mundial. Não é difícil perceber, contudo, que essa meta não foi alcançada e muitos países, a exemplo do Brasil, ainda sofrem com o problema da fome.        Em primeiro lugar, é preciso entender a dinâmica agrícola brasileira. De fato, o desenvolvimento dos meios de cultivo aumentou a produção de alimentos, no entanto, simultaneamente a esse feito, ocorreu o progresso do agronegócio, que baseia-se, fundamentalmente, na exportação desses produtos. Sendo assim, a distribuição interna de alimentos fica a cargo da agricultura familiar, e esta, muitas vezes, não consegue abastecer todo o país, de modo que, pela lei da oferta e demanda, o preço dos gêneros alimentícios aumente. À vista disso, a parcela menos abastada da população possui acesso insuficiente à alimentação.        Além disso, é necessário ressaltar que, em um contexto de crise econômica, a problemática da fome no Brasil tende a aumentar. Isso porque a consequência imediata dessa conjuntura é a retração do mercado, e a solução mais rápida, e também mais egoísta, é o corte de gastos das grandes empresas com demissões em massa. Esse cenário ocasiona, portanto, a perda da fonte de renda de muitas famílias que passam a não conseguir a própria subsistência. É importante, ainda, destacar que essa situação é resultado do individualismo da sociedade atual, na qual, como dizia Eça de Queiroz, “mais vale uma dor de dente que uma guerra na China”.        Fica claro, portanto, que o problema em voga é bastante grave e deve ser resolvido para que o Brasil não volte a participar do mapa da fome. Em um primeiro plano, organizações não governamentais poderiam pressionar o Estado a sobretaxar os grandes exportadores de alimentos para que parte da produção fique no Brasil, de forma a complementar a oferta de alimentos advinda da agricultura familiar e impedir a elevação dos preços alimentícios. Ademais, o Poder Público poderia fornecer incentivos fiscais às empresas a fim de evitar grande números de demissões e para que as famílias possam viver de forma digna e humana.