Enviada em: 17/05/2018

O fantasma da fome   O Brasil, em 2015, realizou um feito histórico: saiu do mapa da fome da FAO. Todavia, a crise política e econômica trouxe consigo o aumento do desemprego e o corte de gastos em programas sociais, como o bolsa família, atingindo, principalmente, os mais pobres e agravando a desigualdade, além do fato da má gestão de recursos alimentícios assolar o país. Tal situação fez com que a ONU publicasse um relatório alertando o país quanto ao risco desse voltar a fazer parte do mapa.   O indiano nobel em economia Amartya Sem escreveu em seu livro "pobreza e fomes" que a causa da fome não está na falta de alimentos, mas associada à pobreza e desigualdade. Nesse sentido, a OXFAM, ONG britânica atuante em questões socioeconômicas, revela que a alta desigualdade e pobreza brasileira é resultado de um injusto sistema tributário, em que a alíquota efetiva de imposto para uma renda mensal de 5 salários mínimos é a mesma do que para uma de 320.   Em consonância à desigualdade, ocorre o problema da má gestão. Segundo estudos da Embrapa, mais de 40 mil toneladas de alimento é desperdiçada por dia, sendo que 50% desse valor provem do comércio varejista. Esse hábito adverso, além de deixar de alimentar famílias, aumenta o preço dos alimentos, e quem sofre o impacto disso são, novamente, os mais pobres.   Destarte, para acabar com o fantasma da fome no Brasil, faz-se necessária uma reforma tributária de acordo com a renda (quem tem mais paga mais), que, segundo o Instituto de Justiça Fiscal (IJF), poderia arrecadar mais de 80 bilhões por ano, mais que o dobro da verba do bolsa família. Com esse dinheiro, a curto prazo, seria possível investir em programas sociais, como o próprio bolsa família, e bancos de alimentos, como a rede da ONU "Save the Food", que atua em parceria com a Embrapa e age contra o desperdício, para combater a insegurança alimentar. Concomitantemente, criar-se-iam campanhas de conscientização, como o trabalho da ONG Akatu, que atua em escolas levando conceitos e práticas de consumo consciente e sustentável, com o objetivo de alcançar a meta de fome zero no país até 2030.