Enviada em: 15/06/2018

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, afirmou que não teve filhos, e assim, não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez, no Brasil hodierno, o autor percebesse acertada sua decisão: a postura corrupta de muitos representantes do Estado, a crise enfrentada nos dias atuais e o descaso do Governo federal, são uma das faces mais perversas da sociedade, responsável por deixar o país latino americano próximo novamente ao mapa da fome.     Mormente, vale lembrar, que em 2014, o Brasil conseguiu vencer a realidade da fome. Todavia, uma pesquisa realizada pelo IBGE mostra que aproximadamente 7 milhões de pessoas ainda se encontram em situação de extrema vulnerabilidade. Com efeito, a crise financeira e o fato do país ainda não ter conseguido retomar o crescimento econômico, certamente contribui para o agravamento do problema em questão. Infelizmente, é cabível enfatizar, que isso ainda é fruto de ações corruptas como o contínuo desvio de verbas existente entre deputados e representantes de órgãos públicos.      Outrossim, o plano da ONU(Organização das Nações Unidas) de acabar com o mapa da fome até 2030, está realmente ameaçado. Em defesa dessa assertiva, convém dizer, que em um país que se diz democrático como o Brasil, é triste saber que ainda não haja um programa de segurança alimentar voltado para as classes mais pobres da sociedade. Logo, o Estado, com seu poder abarcativo e socializante, deixa de cumprir seu importante papel na realização desse feito.      Depreende-se também, que a problemática em questão, responsável por acometer quase 6 milhões de pessoas no Brasil, está calcada também, no problema do corte de verbas governamentais que seriam destinadas a famílias mais carentes. Para confirmar isso, cabe assinalar, que cerca de 90% do dinheiro brasileiro, voltado para aquisição de alimentos da Agricultura Familiar, foram cortados em 2018. Destarte, torna-se evidente, a necessidade do Brasil tomar medidas que evitem o retorno do país ao mapa da fome.      Nesse sentido, é imprescindível que o Poder Legislativo, como ferramenta a serviço do Estado, tabule leis que possam punir e fiscalizar de forma mais severa, atos de corrupção, presentes principalmente no âmbito governamental. Paralelo a isso, o Estado deve criar um programa de segurança alimentar, com fito de auxiliar famílias mais carentes a não passarem por dificuldades na alimentação. Por fim, o Governo Federal não deve reduzir de forma tão acentuada as verbas destinadas a obtenção de alimentos da agricultura familiar em prol de famílias mais pobres. Decerto assim, poder-se-á fazer um país longe da realidade da fome e concomitantemente um legado do qual Brás Cubas pudesse se orgulhar.