Enviada em: 02/07/2018

Na mitologia grega, Minotauro foi aprisionado em um labirinto na ilha de Creta e todos os anos lhe eram enviados 14 jovens para que sua fome fosse saciada. Cansado da carnificina, Teseu se oferece para ir em um dos anos e com grande esforço matou a criatura.  Análogo à realidade brasileira, a população se configura à imagem de Teseu, batalhando para que seus integrantes não sejam enviados à morte, que agora, "vestida" de Minotauro, alimenta-se daqueles que padecem de fome. Logo, é inquestionável que os caminhos a trilhar para que se evite o retorno ao mapa da fome, permeia não só ao âmbito das políticas públicas, mas também ao do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Nesse contexto, é elementar que se leve em consideração que em uma sociedade democrática todos os indivíduos possuem igualmente a mesma importância, tal como expunha o filósofo Tomás de Aquino. Contudo, o Estado brasileiro mostra-se divergente desse pensamento, visto que marginaliza as questões de sobrevivência de sua população e, de acordo com a ONU, corre o risco de reestabelecer seu pódio no mapa da fome. Assim, ações como a decisão estatal de congelamento orçamentário de políticas públicas por 20 anos, demostram claramente o descaso com a parcela populacional exposta ao risco de miséria que não tem condições suficiente de se alimentar adequadamente.  Soma-se a isso também que apesar do país ser predominantemente agrícola, a má distribuição dos recursos destinados a essa atividade desempenha grande papel no cenário de realocação no mapa da fome. Tristemente, o detrimento da agricultura familiar a favor do agronegócio é um reflexo da historiografia nacional desde o Segundo Reinado. Dessa forma, não é de se espantar que mesmo tendo índices que exponham que a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que são destinados à mesa da sociedade, segundo Ministério do Desenvolvimento Social, essa ainda receba uma ínfima parcela dos incentivos financeiros. Diante de tal problemática, cabe a três agentes a solução efetiva: O Estado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o MAPA. Ao primeiro agente importa a realização do remanejamento do Produto Interno Bruto nacional à investimento em políticas públicas assistencialistas, como o Bolsa Família e, em parceria com o Incra, promover mais reformas agrárias para os pequenos produtores - sendo esses não só responsáveis pela alimentação da população, mas também pela ampla geração de empregos. Além disso, o MAPA deve realizar uma pesquisa por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para quantificar a relação de ajuste a serem feitos quanto aos recursos, para que esse sejam distribuídos de forma equitativa. Desse modo, será possível evitar que o Brasil volte ao mapa da fome e os "Teseus" brasileiros consigam vencer a batalha.