Enviada em: 02/10/2018

Novos olhos para dirimir estigmas sociais.       Segundo o escritor francês Marcel Proust, a verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos. Nessa perspectiva, vale a reflexão: quais os caminhos para evitar que o Brasil volte ao mapa da fome? Certamente, importante desafio, a fim de ter novos olhos diante do contexto, consiste em reduzir o desperdício de alimentos, assim como incentivar a agricultura familiar.       Hodiernamente, o elevado índice de desperdício de alimentos representa um grave empecilho associado à conjuntura. Grande parcela dos indivíduos, quando vai ao mercado, compra mais comida que o necessário, fazendo, em muitos casos, com que esse excesso acabe no lixo. De acordo com uma pesquisa, realizada em 2017 pela empresa Unilever, em média 60% dos brasileiros descartam, semanalmente, um ou dois alimentos, geralmente frutas e saladas, em perfeito estado. Logo, reaproveitar as cascas de frutas e de vegetais, as quais são ricas em vitaminas e fibras, assim como doar, para o banco de alimentos ou, diretamente, para pessoas em estado de pobreza, a comida que não for ingerir são alternativas para evitar que o país volte para o mapa da fome.        Outrossim, é lícito ratificar: incentivar a agricultura familiar recai no principal desafio relacionado ao cenário. Lamentavelmente, inúmeros agricultores de pequenas propriedades não recebem a proteção adequada do governo e quando ocorre uma mudança climática, por exemplo, sofrem com as perdas nas plantações. Conforme dados divulgados pelo Governo Federal a agricultura familiar do país é a oitava maior produtora de alimentos do mundo. Portanto, o modo mais eficaz de garantir que o país não retorne para o mapa da fome consiste em investir mais dinheiro na agricultura familiar, pois quanto maior for o investimento nesse ramo a produção irá aumentar, assim como haverá  maior geração de empregos para a população local, garantindo o acesso desta a uma renda digna e, posteriormente, a compra de alimentos para satisfazer suas necessidades.        Em suma, o governo e a sociedade precisam ter novos olhos diante do contexto e seus atos devem visar ao bem-estar de todos. Para alterar esse cenário, o primeiro, aliado as esferas estaduais e municipais, necessita, por meio de leis, exigir a compra pública de alimentos desses pequenos agricultores para programas sociais, como a alimentação escolar, a fim de incrementar as vendas deles, assim como gerar empregos; além disso, deve investir na criação de bancos de alimentos em todas as cidades. Ademais, o corpo social deve reaproveitar a comida, assim como doar o excesso para quem precisa. Afinal, desse modo, será possível construir novas paisagens sem as mazelas ligadas à fome.