Enviada em: 28/02/2019

Graciliano Ramos, em sua obra "Vidas Secas", já denunciava, no século passado, a problemática da fome no Brasil. Hodiernamente, apesar da melhora na qualidade de vida no país, a privação de alimentos ainda persiste na população brasileira, seja pelo agravamento das desigualdades sociais, seja pelo descaso do poder público para seu combate no recente quadro de crise econômica nacional, o que potencializa a volta do Brasil ao mapa da fome e a insegurança alimentar dos brasileiros.        Em primeira análise, a elevação da extrema pobreza na nação ante ao atual quadro de recessão econômica do país tem contribuído para essas projeções negativas. Nesse sentido, a alta taxa de desemprego observada no Brasil, reflexo da crise, reduz o poder de compra e a renda das famílias brasileiras, em especial as mais carentes, dificultando a aquisição de alimentos por essas. Como resultado disso, há o aumento da insegurança alimentar no país e possível retorno da fome como problemática crônica, a qual, tal como ocorrera com Fabiano, personagem da referida obra de Graciliano, fere os direitos da população, desumanizando-a.        Outrossim, as hodiernas políticas de austeridade adotadas pelo poder público brasileiro agrava tal quadro. Segundo Karl Marx, sociólogo alemão, as crises do sistema capitalista resultam no empobrecimento e perda de direitos pela classe trabalhadora. Nesse contexto, os recentes cortes orçamentários do Governo Federal em programas promotores da igualdade social, como o Bolsa Família, em 2017, de acordo com denúncias do jornal O Globo, corroboram com os pensamentos do sociólogo, uma vez que aumentam a vulnerabilidade à fome da sociedade brasileira.        Diante disso, urge que o Estado brasileiro tome medidas diligentes que mitiguem a fome na população. Destarte, o governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social, deve reduzir a extrema pobreza no país por meio da ampliação e maior investimento em programas sociais, como o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar e o Bolsa família, mesmo diante da crise, a fim de promover a maior aquisição de alimentos pela população carente. Por fim, as ONGs, junto ás prefeituras devem realizar a distribuição de cestas básicas nas áreas municipais com maior índice de insegurança alimentar. Assim, poderar-se-á prevenir e combater a fome no país.