Enviada em: 26/10/2017

A constituição de 1988 - norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro - assegura a todos a saúde e o bem-estar. Entretanto, o aumento de casos de suicídio entre os jovens no Brasil nas últimas décadas demonstra que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática, o que se mostra um problema social a ser modificado, sob pena de graves prejuízos à dinâmica da sociedade       Em primeiro aspecto, os preocupantes índices de suicídio na população jovem brasileira evidenciam a ineficiência do sistema público de saúde. Sobre isso, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma em "Modernidade líquida", que algumas instituições - dentre elas, o Estado - perderam sua função social, mas conservaram sua forma e se configuram "instituições zumbi". Essa metáfora serve para mostrar que algumas instituições públicas, a exemplo do SUS, são incapazes de desempenhar seu papel social e acabam por delegar à população a solução de problemas.        De outra parte, há de se desconstruir a ideia de que o ser humano é constante, previsível, logo impassível de falhas ou de momentos tristes, o que faz com que os jovens, principalmente, se sintam excluídos simplesmente por estarem fora da curva que lhes foi designada. Nesse contexto, o SUS tem o papel de prestar serviços psiquiátricos e psicológicos que auxiliem o jovem no processo de autoaceitação evitando decisões irreversíveis, como tirar a própria vida. Assim, a fragilidade do sistema único de saúde é uma das causas do suicídio entre os jovens, pois falha no seu dever de atender o indivíduo de forma a curar não só o corpo, mas também a mente.        Urge, portanto, que o direito a saúde e ao bem-estar seja, de fato, assegurado, como prevê a Constituição de 1988. Nesse sentido, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde devem, por meio das mídias televisivas e das mídias sociais, veicular conteúdos capazes de valorizar iniciativas como o Setembro Amarelo - tido como o mês de prevenção ao suicídio -  e mostrar que é normal não estar sempre bem, visando também motivar a sociedade civil organizada a acolher e compreender os jovens que estão passando por momentos complexos. Essa iniciativa conjunta é importante porque problematizaria a ineficiência do SUS e colaboraria para que houvesse uma redução dos índices de suicídio entre os jovens no Brasil.