Enviada em: 01/11/2017

“Ela se jogou da janela do quinto andar; nada é fácil de entender”. Esse trecho da música Pais e Filhos, de Renato Russo, retrata uma realidade muito comum no mundo contemporâneo: o suicídio. Tal prática se torna cada vez mais frequente entre os jovens, no Brasil, tornando-se um problema de saúde pública. Nessa perspectiva, deve-se analisar como o individualismo e a negligência do Poder Público potencializam esse impasse.       É importante destacar, de início, que a forte presença do individualismo contribui com o suicídio entre os jovens. Conforme o sociólogo Émile Durkheim, quanto mais fortes forem as relações sociais, mais firmemente ancorados estão os indivíduos e menos probabilidade haverá de tirarem a própria vida. Dessa forma, com a fluidez das relações- como destacou o filósofo Zygmunt Bauman- os adolescentes se sentem, muitas vezes, sozinhos, sem apoio de amigos ou familiares, vivem um forte conflito com si mesmo e um grande sofrimento, e, como alternativa, acabam procurando o suicídio para fugir dessa realidade.        Outrossim, a omissão do Poder Público impulsiona tal problema. Isso ocorre porque, embora o Brasil tenha dado grandes passos no combate ao suicídio, a exemplo do lançamento pelo Ministério da Saúde do Primeiro Boletim sobre o suicídio no país, ainda não há uma efetivação de políticas públicas contra essa prática. Não é à toa que, segundo o Mapa da Violência, a taxa de suicídio dos jovens em São Paulo aumentou 42% entre 2002 e 2012. Em consequência disso, os jovens ficam isolados sem maneiras de buscar ajuda, a mercê desse problema que só cresce e afeta a vida de muitos adolescentes.       Destarte, torna-se evidente a necessidade de alternativas para prevenir o suicídio. Para isso, cabe às escolas, por meio de produções culturais realizadas pelo corpo discente, incentivar uma maior interação e diálogo entre os pais e os alunos a fim de que estes possam se sentir seguro e procurar ajuda quando estiverem passando por dificuldades. Ademais, o Ministério da Saúde, em parceria com as prefeituras, deve tornar frequente a prevenção ao suicídio por meio de atendimento psicólogo nas unidades de saúde e incentivar, mediante a campanhas onlines, a população a procurar ajuda. Assim, o suicídio poderá ficar presente só nas letras das músicas.